Exatamente dois terços das 695 toneladas de alimentos que foram descarregadas na doca flutuante instalada pelos Estados Unidos foram enviados ou estão em vias de distribuição à população palestiniana, declarou o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, numa conferência de imprensa.
O conselheiro do Presidente norte-americano, Joe Biden, explicou que o problema não é transportar os alimentos para terra uma vez chegados à doca, mas sim conseguir garantir as medidas de segurança necessárias para a sua distribuição, uma tarefa que é maioritariamente assegurada pelas agências especializadas da ONU no terreno.
Ainda na terça-feira, o Pentágono tinha reconhecido numa conferência de imprensa que a ajuda ainda não tinha chegado aos habitantes de Gaza.
As agências das Nações Unidas principalmente encarregadas da distribuição da ajuda no terreno tinham suspendido as entregas esta semana, após várias altercações na doca e até serem resolvidas as dificuldades logísticas e de segurança do pessoal envolvido.
O objetivo do Departamento de Defesa norte-americano é movimentar cerca de 500 toneladas por dia pela infraestrutura provisória, sem que nenhum trabalhador norte-americano tenha de pôr os pés na Faixa de Gaza, há mais de sete meses palco de uma guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.
Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando mais de 1.170 pessoas, na maioria civis.
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) — desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — fez também 252 reféns, 124 dos quais permanecem em cativeiro e 37 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço do Exército israelita.
A guerra, que hoje entrou no 229.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 35.700 mortos, cerca de 80.000 feridos e de 10.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.
O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer vítimas – “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Comentários