Esta é a expectativa de Maria João Rodrigues para a noite de sábado na aldeia que já é conhecida pelo misticismo dos diabos, trasgos, desusas e druidas que fazem a festa equiparada ao “Halloween” (o dia das bruxas) transmontano.
As gentes da terra, mesmo as que vivem fora, são quem organiza o ritual em que as ruas se enchem de personagens alusivos às tradições celtas, e que termina em volta de uma fogueira gigante a degustar a cabra cozinhada do pote porque, segundo reza a lenda, "quem da cabra comer e ao canhoto (lenha) se aquecer, um ano de muita sorte vai ter!”
Este ano há uma aposta “ainda maior na animação”, segundo os responsáveis, com as crianças do Agrupamento de Escolas de Vinhais a participarem na recriação, assim como grupos profissionais como o que chega de Santa Maria da Feira, o AndaCamino, o Teatro Filandorra e os Gaiteiros de Zido.
O Cortejo Celta percorre as ruas da aldeia e o largo da Eira é o palco principal, este ano com um espaço maior e devidamente preparado para receber aqueles que anualmente visitam a festa.
“Todos os anos recebemos mais de duas mil pessoas, acreditamos que este ano não será diferente”, acredita a representante da organização desta repetição anual desta “tradição milenar” que a associação local “Raízes” recuperou.
Na noite de sábado, toda a aldeia será decorada com motivos celtas, será instalada uma tenda para garantir espaços cobertos em caso de chuva, e haverá tasquinhas com bebidas típicas desta festividade como vinho, sangria, e licores celtas, e petiscos variados, desde a linguiça, alheira, sopa à transmontana, bifanas, presunto à feijoada.
Não faltará também o “úlhaque”, uma bebida espirituosa confecionada na aldeia, e obrigatoriamente a cabra “machorra” (velha), cozinhada em enormes potes de ferro, à fogueira, onde no final do ritual há de arder o “cabrão” (um boneco de um bode gigante).
A festa tem também “esconjuro” para afastar os males do corpo e da alma e pedir prosperidade e fertilidade.
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