O acordo, assinado na capital alemã pela ministra queniana dos Negócios Estrangeiros, Musalia Mudavadi, e pela ministra alemã do Interior, Nancy Faeser, é um passo “muito importante” nas relações entre os dois países, qualificou o chefe do Governo alemão.
“Para os quenianos, abre-se a perspetiva de mão-de-obra qualificada ou de jovens virem para cá para formação”, disse o chanceler, numa conferência de imprensa ao lado de Ruto, momentos depois da assinatura do acordo.
“Isto é bom porque pode ajudar-nos a aliviar a falta de mão-de-obra, cujos efeitos já estamos a sentir e que nos vai acompanhar”, acrescentou Olaf Scholz, aludindo a um dos problemas que a economia alemã, a maior da União Europeia e a terceira maior do mundo, enfrenta.
Estima-se que meio milhão de postos de trabalho destinados a trabalhadores qualificados ficarão por preencher na Alemanha em 2023, uma circunstância que custará às empresas do país 49 mil milhões de euros, segundo estimativas do Instituto para a Economia Alemã (IW), um grupo de reflexão económica com sede em Colónia.
Scholz definiu o Quénia como um país jovem e democrático – com uma média de idades de apenas 20 anos – que tem capacidade para formar o tipo de trabalhadores de que a Alemanha precisa, um país com uma demografia envelhecida, cuja média de idades é de 44 anos.
“O Quénia tem uma população jovem muito bem formada em alguns setores, que procura utilizar os seus talentos, mas não é bem sucedida, pelo que é do interesse do Quénia e da Alemanha que alguns destes jovens qualificados tenham a oportunidade de explorar os seus talentos na Alemanha”, disse o chanceler.
“O acordo que assinámos é muito importante, negociámos durante um ano e abordámos todos os fatores para garantir que o Quénia beneficia tanto como a Alemanha”, contrapôs Ruto, para quem o seu país tem o “melhor capital humano do mundo”.
Na “outra face da moeda”, expressão utilizada pelo próprio chanceler alemão, o documento abre também a possibilidade de acelerar o repatriamento dos quenianos que não reúnam as condições legais para permanecer na Alemanha, onde o Quénia tem atualmente cerca de 14.500 nacionais.
Scholz sublinhou este mecanismo previsto no acordo, que permite aos quenianos que não têm o direito de permanecer na Alemanha “regressar mais rapidamente ao seu país”.
Faeser manifestou igualmente a satisfação com o texto assinado em Berlim, num comunicado em que indicou que o Governo alemão quer “impor o regresso das pessoas sem direito a permanecer no país, um elemento importante para limitar a migração irregular”.
No mesmo sentido, Ruto afirmou que o texto assinado oferece uma oportunidade “a todos aqueles que não podem ficar na Alemanha de regressar a casa”.
“Posso assegurar-vos que o Quénia é um país muito bonito. Nenhum queniano terá problemas em regressar a casa. Temos um país maravilhoso”, afirmou.
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