As luzes que iluminam toda a praça vêm-se à distância, mas os cestos, feitos de um entrelaçado de metal, com sacos de areia, estão ligeiramente disfarçados. Um toldo de plástico, onde se lê “Weihnachtsmarkt am Breitscheidplatz” (“mercado de Natal da praça Breitscheid”) esconde uma das novas medidas de segurança da edição deste ano.

São, no total, 160 cestas quadradas, que percorrem a berma do mercado, protegendo toda a praça. Treze pedestais de aço estão erguidos perto de uma das ruas e 70 postes móveis estão instalados nas entradas pedestres, deixando lugar apenas para os peões, e nenhum para os veículos.

O Senado de Berlim assegura que as barreiras são capazes de suportar um camião de 40 toneladas.

O investimento total destas novas medidas de segurança supera os 2,5 milhões de euros.

“A Alemanha está hoje mais bem preparada para um ataque terrorista do que há uns anos. Agora é uma questão de proporcionalidade: Que recursos e que medidas de segurança queremos alocar a esta questão, sabendo que a proteção nunca será completamente perfeita?”, questiona Andreas Armborst, criminologista e diretor Centro Nacional para a Prevenção do Crime na Alemanha (NZK, na sigla em alemão).

Em cima dos cestos gradeados, dois homens terminam as ligações elétricas que vão iluminar dezenas de estrelas douradas.

São os últimos preparativos no primeiro dia de um dos mercados mais visitados e conhecidos da cidade de Berlim, que no dia 19 de dezembro de 2016 foi palco de um ataque terrorista.

Morreram 12 pessoas e mais de 70 ficaram feridas.

“Infelizmente as barreiras são necessárias para proteger os visitantes de ataques através de veículos. Seria irresponsável organizar um evento tão grande como este, sem as medidas apropriadas. E, neste caso, apropriadas significa a construção de muros e barreiras, entre outras coisas. É caro, lembra as pessoas que há uma ameaça e fá-las ficar tristes, mas não é possível prescindir delas”, explica Andreas Armborst.

Luc Claus agarra um copo de vinho quente não muito longe de uma das entradas. Nasceu em Berlim, mas passou a adolescência nos Estados Unidos. Regressou à cidade um dia antes do atentado terrorista, há dois anos.

“Estou aqui, mas tento não pensar nisso. É triste, mas não podemos deixar-nos assustar. Gosto de vir a este mercado, vim no ano passado, e vou continuar a visitá-lo. Faz-me lembrar a minha infância”, recorda o jovem com um sorriso.

Ao lado, uma vendedora corta uma salsicha em cima de um prato branco de papel. “Ainda é cedo para dizer como vai correr”, diz apressada, “este é só o primeiro dia, mas espero que seja melhor que no ano passado”.

O criminologista Andreas Armborst sublinha que a Alemanha “é e vai continuar a ser, durante um bom tempo, um alvo do terrorismo islâmico”.

“Este verão, as autoridades desmantelaram o planeamento de um ataque terrorista, em Colónia, envolvendo ricina. Os terroristas são inventores, estão sempre a criar táticas. Quem sabe o que se segue? Bombas em túneis como as que são usadas na guerra civil da Síria? Ataques envolvendo drones?”, questiona o criminologista.

“A boa notícia”, remata Andreas Armborst, é que “dia após dia, grandes eventos são realizados na Alemanha sem que aconteça qualquer incidente”.

Junto aos degraus da igreja memorial Kaiser Wilhelm, com os nomes das doze vítimas mortais do ataque terrorista de 2016, estão dois turistas mexicanos.

“Não sabíamos bem o que tinha acontecido, só percebemos agora. Confesso que ficamos com algum receio, mas olhando para toda esta proteção, duvido que voltem a tentar um ataque neste sítio”, revela Juan Antonio.

A abertura oficial dos mercados de Natal de Berlim decorreu esta segunda-feira, 26 de novembro.

A 19 de dezembro de 2016, o tunisino Amris Amri, conduziu um camião, matando o seu motorista e abalroando o mercado de natal de uma das maiores praças da zona ocidental de Berlim.

O ataque foi mais tarde reivindicado pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico.

Para o próximo dia 19 de dezembro, está planeada a realização de uma cerimónia em memória das vítimas. Está também previsto observar um minuto de silêncio e realizar uma missa.

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