O programa, dado a conhecer pela câmara municipal, arranca no dia 02 com uma homenagem ao historiador e humanista do Renascimento, no Museu Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição, onde decorre a maioria das atividades, seguindo-se, no dia 04, a abertura da exposição "Damião de Góis: um humanista na Torre do Tombo", patente até 28 de fevereiro, no átrio da Câmara Municipal de Alenquer.
A 05 de fevereiro, é inaugurada a exposição "Damião de Góis: centenários e comemorações", que pode ser vista até 28 de fevereiro, e promovida a conferência "Tributo a Damião de Góis - António Rodrigues Guapo" e o concerto "Nozescomvozes".
O programa continua a 06 de fevereiro com um roteiro pela Alenquer Goesiana, a 12 de fevereiro, com a apresentação do documentário "Aristides de Sousa Mendes, o cônsul de Bordéus" e, a 19 de fevereiro, com a conferência "Vinhais: judeus, marranos e inquisição" e o concerto "Lads d’Alenquer".
A 20 de fevereiro, Damião de Góis é contado às crianças e jovens, a 26 é feito um roteiro pela vila alusivo ao autor para famílias e, a 27, está previsto um concerto de música sefardita.
A exposição "Damião de Góis: o Homem e a Obra" vai estar em itinerância pelos vários agrupamentos de escolas do concelho, entre 02 de fevereiro e 04 de março.
Um dos objetivos do programa comemorativo é aproximar a figura histórica da comunidade escolar, estando previstas atividades dirigidas aos alunos desde o primeiro ciclo ao ensino secundário.
“Damião de Góis está presente em muitas das matérias que são estudadas pelos nossos alunos, desde a época dos Descobrimentos, passando pelo Humanismo. Acompanha mais ainda os alunos que escolhem enveredar pela área de Humanidades e que têm a disciplina de História até mais tarde. É importante que haja essa identificação com esta figura desde cedo”, explicou Rui Costa, vereador da Cultura e da Educação, citado na nota de imprensa da autarquia.
Para o autarca, o município está a “dar um contributo importante para o prolongar do legado” de Damião de Góis.
Em 2017, a câmara municipal inaugurou o Museu Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição na Igreja de Nossa Senhora da Várzea, local onde o humanista foi sepultado em 1574 e daí transladado, em 1941, por aquela se encontrar em ruínas.
Damião de Góis (1502-1574), um dos espíritos mais críticos da sua época, foi o representante português na Europa culta do século XVI, o responsável pela Feitoria de Antuérpia, guarda-mor da Torre do Tombo e amigo próximo de Erasmo de Roterdão, colecionador de arte e compositor que soube assimilar a polifonia da sua época, tendo personificado "a tolerância contra os ódios", como o definiu o professor José Mariano Gago (1948-2015), que dedicou grande parte dos seus últimos anos de vida à investigação sobre o humanista português.
Essa investigação viria a ser documentada, em 2018, na mostra "Ao encontro de Damião de Goes, para José Mariano Gago", da fotógrafa Luísa Ferreira, levada exatamente ao Museu Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição, também documentada em livro, com vários depoimentos, entre os quais se lia que "o humanista tolerante, preso (e provavelmente assassinado) pela inquisição, é uma metáfora da luta, no passado e no presente, contra a intolerância, o ódio e a ignorância".
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