“O culpado não sou eu, não é a gestão privada. É a pandemia e a falta dos apoios prometidos pelo Estado”, afirmou Alfredo Casimiro, perante os deputados da comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.
O administrador e acionista maioritário da Groundforce, com 50,1% do seu capital social, sublinhou que o Estado, “perante a crise pandémica global, falhou os apoios prometidos e amplamente divulgados, como as denominadas linhas de apoio covid”.
Alfredo Casimiro afirmou que têm circulado nos últimos dias “mentiras” a seu respeito e quanto à sua participação na empresa de ‘handling’ (assistência em aeroportos), sendo a primeira falsidade a ideia de que “transferiu da Urbanos para a Pasogal, os 50,1% da Groundforce”.
“É mentira, as ações foram, desde o início, ou seja, em julho de 2012, compradas pela Pasogal, que foi constituída na altura para esse fim. A Urbanos, que era a empresa que eu tinha, e tenho, interveio dada a urgência do Governo em ter contratos fechados para mostrar a Bruxelas no final de 2011, mas ficou bem claro perante a TAP SGPS e a Autoridade da Concorrência que as ações seriam compradas por uma nova empresa que eu estava a constituir”, disse o administrador.
Alfredo Casimiro disse ainda ser mentira que prometeu dar de garantia um penhor de ações, que não poderia cumprir, uma vez que, acrescentou, “um bem, mesmo empenhado ou hipotecado, pode ser dado em garantia múltiplas vezes, tudo dependendo do seu valor” e também porque “o bem a dar em penhor, à data em que este era para ser constituído, estaria nas condições exigidas pelo Governo e pela TAP, SA”.
O administrador garantiu ainda que “não há um cêntimo” que tenha ido da Groundforce ou da Pasogal para Malta, como tem sido pelos trabalhadores nas manifestações dos últimos dias.
Segundo as informações que prestou aos deputados, a pandemia teve um impacto negativo de 90 milhões de euros na faturação da Groundforce.
“O único apoio que tivemos do estado foi o ‘lay-off’”, acusou Alfredo Casimiro, dizendo que fizeram atempadamente um pedido de ajuda ao Governo, “mas a ajuda, até hoje, nunca chegou”.
“Não se percebe porque é que foram anunciadas tantas linhas de apoio covid e qual a razão pela qual o nosso processo esteve parado nos Ministérios das Finanças e Economia deixando a Groundforce chegar ao ponto de não ter dinheiro para pagar salários”, concluiu Alfredo Casimiro.
Alfredo Casimiro diz ter “vontade e condições” de se manter à frente da Groundforce
“Tenho vontade, tenho condições [de me manter à frente da Groundforce], acredito nesta empresa, já salvei esta empresa uma vez e tenho condições para a salvar mais uma vez”, disse o administrador da Pasogal.
Relativamente ao aumento de capital proposto pela TAP, Alfredo Casimiro garantiu ter “capacidade financeira” para o aceitar, mas diz que tem de perceber qual será o futuro da TAP na empresa de ‘handling’ (assistência em aeroportos), uma vez que o contrato de prestação de serviços entre as duas empresas termina em 2022.
“Capital significa capitalista e eu sou um capitalista, assumo-me como um capitalista, e só farei esse investimento se tiver condições para recuperar esse investimento num certo e determinado número de anos”, sublinhou o administrador da Pasogal, acrescentando prever serem precisos 10 anos para recuperar o investimento no aumento de capital, que acredita que seja entre sete e 10 milhões de euros.
Desta forma, para ir ao aumento de capital, Alfredo Casimiro pretende obter por parte da TAP garantias de que o contrato de prestação de serviços será renovado por cinco anos e, posteriormente, por mais cinco.
Quanto ao empréstimo com aval do Estado de 30 milhões de euros das linhas covid, Alfredo Casimiro disse que ainda tem de ser procurada uma solução para a as garantias pedidas, solução esta que ainda não está “identificada”.
Neste ponto, a Pasogal fez questão de reiterar que as ações que detém na Groundforce não estão penhoradas, mas sim empenhadas e que esse penhor “nunca foi ocultado” durante as negociações com a TAP e com os membros do Governo.
Alfredo Casimiro garantiu, ainda, que os “oito meses de atraso no pedido dos 30 milhões de euros”, não se deve à falta de documentos, que foram entregues “com toda a celeridade”.
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