O colóquio "Amazónia 2019: perspetivas em diálogo" decorrerá a partir das 18:00, com a participação dos professores e investigadores José Miguel Cardoso Pereira, catedrático do Instituto Superior de Agronomia, Fronika de Wit, Susana de Matos Viegas e Luísa Schmidt, que modera, do Instituto de Ciências Sociais (ICS).
O objetivo do encontro - que acontece no âmbito das Jornadas Europeias do Património - é promover a reflexão, colocando em diálogo perspetivas de especialistas de várias disciplinas sobre o impacto dos incêndios a várias escalas, de acordo com o sítio 'online' do Museu de Etnologia.
As Galerias da Amazónia - palco deste colóquio - são uma reserva visitável, do museu, dedicada aos povos e culturas ameríndias, em especial da floresta amazónica.
José Miguel Cardoso Pereira é especialista em pirogeografia, da escala local à escala global, e tem desenvolvido investigação em savanas tropicais de África, Austrália e América do Sul, sendo coordenador do grupo de investigação ForEco, do Centro de Estudos Florestais.
Fronika de Wit é uma especialista holandesa em sustentabilidade, graduada em geografia humana e estudos de desenvolvimento, que trabalhou na Amazónia em projetos socioambientais, e está a fazer um doutoramento em alterações climáticas (Governança Climática Policêntrica na Amazónia, com estudos de caso no Brasil e Peru), no ICS da Universidade de Lisboa.
Susana de Matos Viegas é antropóloga e investigadora do ICS, e tem realizado trabalho de campo no Brasil e em Timor-Leste.
Luísa Schmidt é socióloga e investigadora principal do ICS, onde coordena o Observa - Observatório do Ambiente, Território e Sociedade, e é membro do Conselho Nacional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Durante o mês de agosto, o Brasil registou 30.901 focos de incêndios na região da Amazónia, quase o triplo do número registado em agosto de 2018 (10.421), de acordo com dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro.
Dados oficiais do país indicam que de 01 a 22 de setembro, o Brasil registou 17.095 incêndios naquela floresta tropical, número abaixo da média para um mês de setembro, que está nos 33.426 focos de incêndio.
O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) da Amazónia, desenvolvido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (Imazon), identificou, no final de agosto, o aumento "de 922 quilómetros quadrados" de "florestas degradadas" na região, mais 675% do que em agosto de 2018, segundo os dados publicados na passada quinta-feira.
Em termos de desflorestação, o INPE, por seu lado, já anunciara ter havido um aumento de 222% em agosto deste ano (perda de 1.698 quilómetros quadrados de vegetação), em relação ao mesmo mês de 2018. Em julho, a perda fora de 2.254 quilómetros quadrados.
A degradação da floresta corresponde a perda de espécies e funções, mas não à sua destruição total, havendo ainda possibilidade de recuperação. A desflorestação representa perda total.
Os dois fenómenos estão diretamente associados aos incêndios na Amazónia, que aumentaram exponencialmente desde janeiro.
Sob forte pressão internacional, o chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro, assinou em 23 de agosto um decreto autorizando o envio de militares para os estados que compõem a Amazónia brasileira, de forma a combater os incêndios.
Bolsonaro foi criticado no Brasil e no exterior pelo aumento do número de incêndios na Amazónia.
A crise deu origem a trocas de palavras entre o mandatário brasileiro e o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, que chegou a levantar a possibilidade de uma internacionalização da região da Amazónia brasileira.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo. Possui cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).
Comentários