A associação refere, em comunicado hoje divulgado, que a prática foi autorizada pela Infraestruturas de Portugal, que gere mais de 15 mil quilómetros de estradas em Portugal, pelo que a Zero enviou hoje um pedido de esclarecimentos àquela empresa.
Segundo a Zero, apesar da Infraestruturas de Portugal ter autorizado que esta prática fosse adotada, este ano, por concessionárias em apenas três distritos – Viseu, Coimbra e Santarém – calcula-se que este ano terão sido (ou serão ainda) aplicados nas estradas nacionais, pelo menos, 51 mil litros de glifosato.
O cálculo tem em conta que as recomendações dos fabricantes de agroquímicos preconizam a aplicação de um mínimo de 500 litros por hectare de herbicida para eliminar eficazmente ervas e arbustos.
"Dos contactos estabelecidos resultou a informação que em 2017 a aplicação de herbicidas será efetuada em três distritos – Viseu, Coimbra e Santarém – numa área total de cerca de 102 hectares, o que poderá significar mais de 400 quilómetros de estradas intervencionados", adianta a Zero.
O glisofatp - precisa a Zero - é uma substância que é apontada como sendo um desregulador hormonal, que pode causar danos no fígado e nos rins e que é provavelmente cancerígena.
A associação refere ainda que a situação tem outras consequências, nomeadamente para a biodiversidade e os incêndios.
"A utilização de meios químicos é um método que, a prazo, fica mais caro, pois seleciona as plantas mais resistentes ao herbicida, com impactos significativos na biodiversidade, obrigando assim a um aumento progressivo das doses para fazer face à diminuição da eficácia do produto", explica a Zero.
A associação refere também que a aplicação de herbicidas nas bermas e nos terrenos adjacentes às estradas mantém no solo grandes quantidades de combustíveis finos mortos, criando condições que podem facilitar a ignição intencional ou negligente de fogos e contribuir para a velocidade de propagação.
Considerando que a Infraestruturas de Portugal vai, até ao final do ano, proceder à revisão dos 18 contratos distritais de conservação corrente que possui com empresas prestadoras de serviços, onde se incluem trabalhos de limpeza de bermas e dos terrenos adjacentes à estrada, a Zero apela à empresa pública e ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas para a adoção de limitações à utilização de herbicidas, impondo como regra que o controlo da vegetação seja efetuado com recurso a meios mecânicos.
"Todavia, nada impede que a empresa acione desde já eventuais mecanismos contratuais que possam impedir a concretização de todas as ações de monda química que os concessionários queiram realizar até ao final do ano e assim evitar que sejam disseminados nos ecossistemas mais alguns milhares de litros de glifosato", propõe a Zero.
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