O protesto visa “mostrar que os grupos ecologistas estão interessados em forçar o diálogo com o Governo espanhol e a obrigar o Governo espanhol a decidir o encerramento da central de Almaraz”, disse à agência Lusa o ambientalista português António Eloy, do Movimento Ibérico Anti-Nuclear.

A 12 de janeiro, deveria realizar-se entre o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e a sua homóloga espanhola uma reunião para discutir o futuro da central de Almaraz, mas o responsável pela pasta do ambiente português admitiu já não participar no encontro caso se concretize a decisão espanhola de construir um armazém para resíduos nucleares.

Em meados de dezembro, o Governo espanhol deu luz verde à construção do armazém para resíduos nucleares na central de Almaraz, localizada a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, através de uma resolução da Direção-Geral de Política Energética e Minas do Ministério da Energia.

A construção de um armazém para resíduos nucleares pode indiciar que a central de Almaraz vai prolongar a sua atividade, apesar dos problemas que tem tido nos últimos tempos, segundo os ambientalistas.

No encontro realizado hoje, os ambientalistas criticaram também o comportamento do ministro do Ambiente de Portugal ao longo do último ano.

“O ministro não pode continuar a ser despiciente e armar-se em herói quando foi absolutamente conivente com esta situação a que chegamos”, lembrou António Eloy.

Além do protesto, os ambientalistas decidiram também realizar uma conferência internacional sobre nuclear e Almaraz, que vai ser organizada pelo Movimento Ibérico Antinuclear a 04 de fevereiro, em Lisboa.

“Será certamente um elemento mais para forçar esta oposição a estes desenvolvimentos energéticos no que se refere a Almaraz e, nomeadamente, a continuação do seu funcionamento por mais 20 anos o que é absolutamente impensável” devido aos problemas graves da central, disse António Eloy.

Em fevereiro, a Agência Portuguesa do Ambiente referiu ter garantias do Conselho de Segurança Nuclear de Espanha que a Central Nuclear de Almaraz se encontrava em condições de segurança, depois de inspetores espanhóis terem alertado para falhas no sistema de arrefecimento de serviços essenciais da central.

(Notícia corrigida às 22h50: corrige o título)