A organização de direitos humanos com sede em Londres denuncia - através de um relatório - a prática do desaparecimento forçado, levada a cabo com regularidades pelas autoridades paquistanesas, sobretudo pelos serviços de informações, em violação aos direitos dos detidos e com um impacto "devastador" para as famílias.
A Amnistia Internacional (AI) recorda que os desaparecimentos forçados são um "crime face à lei internacional".
Os agentes do Estado paquistanês negam as detenções e recusam-se a fornecer informações às famílias sobre o paradeiro dos detidos.
"Os desaparecimentos forçados são uma prática cruel que causaram marcas a centenas de famílias no Paquistão durante as últimas décadas" disse Rehab Mahamoor, relator da AI para o sul da Ásia.
Após entrevistas a dez familiares de desaparecidos que se encontravam à guarda das autoridades, a AI refere que as pessoas enfrentam problemas de saúde e graves consequências financeiras.
Inaam Abasi, que permaneceu em paradeiro desconhecido durante dez meses após ter sido detido pelas forças de segurança, em agosto de 2017, disse à AI que passou a sofrer de dores crónicas e stress pós-traumático, após ter sido alvo de torturas.
De acordo com o relatório, as denúncias sobre desaparecimentos forçados começaram a surgir nos anos 1980 sendo que os serviços de informações incrementaram a prática desde 2001 no quadro da "guerra contra o terrorismo".
Ativistas políticos, estudantes e jornalistas são frequentemente alvo deste tipo de abusos, disse a AI recordando que existe uma proposta de alteração legislativa para proibir os desaparecimentos forçados, mas que está há mais de dois anos paralisada.
Mesmo assim, de acordo com a AI, as reformas do código penal do Paquistão, sobre o fim da prática não se ajustam às leis internacionais sobre direitos humanos.
A comissão paquistanesa de investigação sobre desaparecimentos revelou em outubro que recebeu 8.191 denúncias desde 2011, sendo que 37 registaram-se em outubro e que 2.267 casos continuam por resolver.
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