“Os dois laureados têm em comum o cuidado das mulheres” e, de uma maneira diferente, dão visibilidade a este “crime hediondo”, disse à agência Lusa o diretor-executivo da Amnistia Internacional Portugal (AI), Pedro Neto.
O médico congolês Denis Mukwege e a ativista dos direitos humanos Nadia Murad “homenageiam e dão visibilidade a este drama e dão visibilidade àquilo que tem que ser feito”, mas também, “à coragem que é apoiar quem mais necessita”, defendeu.
Denis Mukwege por já ter cuidado de “mais de 30 mil mulheres afetadas por este crime hediondo” e Nadia Murad, por ter sido “vítima do autoproclamado Estado Islâmico nesta barbárie”, vão para “a linha da frente com toda a coragem lutar pela dignidade da mulher e isso nos dias que correm é muito urgente e muito necessário porque há mensagens contraditórias”, sublinhou.
“Há candidatos a eleições e há presidentes de outros países que colocam em causa a dignidade da mulher e estas duas pessoas vêm dizer precisamente o contrário e que é preciso ter muita atenção àquilo que estamos a fazer enquanto humanidade e proteger as pessoas no seu estado maior de fragilidade”, sustentou Pedro Neto.
Portanto, acrescentou, “vejo com muito bons olhos esta atribuição do Nobel da Paz”, para que o mundo saiba seguir o seu “exemplo, fazer igual à sua medida, e proteger as mulheres que em todo o mundo precisam de ajuda”.
O diretor-executivo da AI observou ainda que “a guerra faz muitos feridos e de maneiras diferentes” e lamentou que a violência sexual contra as mulheres seja um assunto “muitas vezes esquecido”.
“Há poucos dias vimos um acórdão de um tribunal português que desvaloriza a mulher enquanto vítima de violência sexual e, portanto, é preciso trazer para a linha da frente esta memória, esta ideia, de que a violência sexual é um crime hediondo e ainda é mais durante uma guerra porque aumenta ainda mais o drama e o trauma de pessoas que já sofrem tanto”, vincou.
Portanto, rematou, “uma homenagem a uma sobrevivente e uma homenagem a um cuidador é o melhor prémio possível para trazer à memória e à relevância dos dias este drama”.
O Comité Nobel norueguês justificou a decisão de atribuir o prémio Nobel da Paz ao médico congolês Denis Mukwege e à ativista Nadia Murad pelos esforços que têm feito para acabar com a violência sexual como arma nos conflitos e guerras de todo o mundo.
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