"Nós temos, neste momento, o quadro comunitário de âmbito metropolitano mais elevado de sempre. Conseguimos uma negociação no âmbito da região que trouxe para a Área Metropolitana do Porto mais de 365 milhões de euros, um valor substancialmente superior àquele que discutimos em 2013 e que conseguimos em 2013", que rondou os 290 milhões de euros, disse hoje Eduardo Vítor Rodrigues.
O presidente da AMP e autarca de Vila Nova de Gaia falava à margem da reunião do Conselho Metropolitano de hoje, da qual saiu mais cedo, depois de ter sido aprovada, por maioria (houve três votos contra e uma abstenção), a distribuição dos fundos.
"A sua distribuição, tentamos que seja o mais criteriosa possível, o mais 'exceliana' possível. No final, daquilo que temos, o balanço objetivo é: todos sobem, todos têm mais dinheiro desta vez do que tinham no passado, todos têm um crescimento que é superior ao crescimento limite de 1%, que era aquele que ninguém queria ter", detalhou.
Eduardo Vítor Rodrigues considerou ainda "natural que todos queiram sempre mais", mas saudou o "esforço de consensualização muito grande", dizendo que "às vezes o voto tenha mais o lado político do que propriamente o sufragar do trabalho feito", referindo-se aos votos não favoráveis.
Na votação, dos 17 municípios da AMP, votaram contra Santa Maria da Feira, Valongo e Vila do Conde, e Arouca absteve-se, e na discussão as críticas mais veementes à distribuição dos fundos vieram de Emídio Sousa, autarca da Feira, que a considerou "um perfeito absurdo".
"Vou votar contra, se isto não for corrigido, porque acho que os critérios estão muito, muito mal feitos. O melhor critério que tínhamos todos, e que nunca olhámos para ele, eram as quotas", defendeu.
Emídio Sousa (PSD) disse ainda que a partir de agora a sua posição no Conselho Metropolitano "será sempre de contestação, eventualmente até de não participação nas votações", exijindo que se revejam os valores das quotas de contribuição dos municípios na AMP.
As ideias do autarca da Feira foram contrariadas pelo presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues (PS), afirmando que "se as quotas fossem um critério aceite por todos, a direção [da AMP] tinha trabalhado com base nas quotas".
"De toda a forma, talvez não tenha visto bem, se Santa Maria da Feira é o quarto a pagar mais quotas, Santa Maria da Feira, curiosamente, na distribuição do dinheiro, é o quarto a receber mais", disse o presidente da AMP.
O também presidente da Câmara de Gaia defendeu que a AMP não se pode "assumir como uma pequena CIM [comunidade intermunicipal] que está a discutir trocos", mas sim equiparar-se a áreas metropolitanas como as de Barcelona, Manchester ou Lyon.
"Na relação entre todos, uns têm que ter uma correção desenvolvimentista, como Arouca por exemplo, e outros mais pequenos como São João da Madeira em termos de território, e outros têm que ceder alguma coisa a isto", argumentou Eduardo Vítor Rodrigues.
Porém, segundo Emídio Sousa, para a Feira "o pior dos cenários que ficou desde o início ainda ficou pior", elogiando o critério adotado em Lisboa e criticando depois o que classificou de "andar a inventar" e "ajustar aos desejos de cada um" posteriormente.
"Usarei as ferramentas que tiver ao meu alcance para repor a justiça. Todas elas", concluiu o autarca de Santa Maria da Feira.
Aos jornalistas, o autarca da Feira mostrou-se ainda "surpreendido" com a sugestão de Eduardo Vítor Rodrigues de que os votos contra poderiam ter uma natureza política, dizendo que o clima na AMP se está a transformar "numa paz podre".
"É importantíssimo que todos percebam que a coesão metropolitana parte por ter uma atenção muito especial às periferias, sob pena de nós, na periferia, começarmos a não nos revermos nesta Área Metropolitana do Porto. Este meu voto contra tem muito a ver com isso", explicou.
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