"Recebi - confesso que com surpresa - a minha exoneração do cargo de Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, função que assumi há menos de um ano", diz Ana Jorge em comunicado divulgado internamente a que o SAPO24 teve acesso.
"Antes de mais, foi uma honra, claro, servir esta casa. Mas foram 11 meses muito duros, em que, claramente, avançámos rumo à sustentabilidade financeira, à motivação dos colaboradores e mais importante, no compromisso social que assumimos com milhares de pessoas", pode ler-se.
Segundo Ana Jorge, é "pelo tanto trabalho, desenvolvido em tão pouco tempo e pelo plano de reestruturação sólido que desenhámos e que queríamos implementar" que não se sente "tão triste".
"Porém, o comunicado emitido pelo Ministério do Trabalho é, pela forma rude, sobranceira e caluniosa com que justifica a minha exoneração, motivo para me sentir desiludida", frisa. "Sempre achei e hoje mais do que nunca, que em política, tal como na vida, não vale tudo".
Ana Jorge garante ainda que vai explicar o sucedido. "A seu tempo e em sede própria, contarei a minha verdade, que é a verdade de quem serviu a SCML com a mesma entrega e espírito de missão com que desempenhei as várias funções públicas e cívicas ao longo da minha vida".
A ex-provedora deixa ainda "uma última palavra para todos os colaboradores da SCML". "Não houve tempo para fazermos o que estava planeado, mas, por favor, não desistam da SCML, que necessita de cada um de Vós para cumprir a sua ação junto dos mais vulneráveis", remata.
A administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi exonerada “com efeitos imediatos”, anunciou ontem o Governo, justificando a decisão por a equipa “se ter revelado incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros e operacionais da instituição”.
“O Governo decidiu exonerar, com efeitos imediatos, todos os membros da Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa [SCML], agradecendo-lhes a disponibilidade para prestar funções em tão relevante instituição”, adiantou o Governo em comunicado, divulgado pela Presidência do Conselho de Ministros.
A SCML era atualmente dirigida pela ex-ministra da Saúde socialista Ana Jorge, que exercia funções de provedora há cerca de um ano, sendo a restante Mesa da SCML constituída por uma vice-provedora e quatro vogais.
“Infelizmente, esta decisão tornou-se inevitável por a Mesa, agora cessante, se ter revelado incapaz de enfrentar os graves problemas financeiros e operacionais da instituição, o que poderá a curto prazo comprometer a fundamental tarefa de ação social que lhe compete”, justificou o executivo.
Segundo o Governo, “a preocupação com o rumo da SCML e a incapacidade da Mesa de tomar ações decisivas para o inverter têm vindo a ser públicas”.
Ana Jorge tomou posse em 2 de maio de 2023, escolhida pelo anterior Governo socialista de António Costa, e herdou uma instituição com graves dificuldades financeiras, depois dos anos de pandemia e de um processo de internacionalização dos jogos sociais, levado a cabo pela administração do provedor Edmundo Martinho, que poderá ter causado prejuízos na ordem dos 50 milhões de euros.
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