“Nós estamos em contacto com o Vox, pedimos esclarecimentos formais sobre isso, porque, independentemente dos factos históricos, pode melindrar as relações entre os países e entre os partidos. O que esperamos desta vez é obter um cabal esclarecimento do porquê, independentemente das razões históricas que estão por detrás disso”, salientou André Ventura.
Ventura falava nos Passos Perdidos, na Assembleia da República, depois de ter apresentado a sua recandidatura à liderança do partido, tendo apontado que, no que se refere à imagem partilhada pelo Vox, devem ser distinguidos os “factos” das “intenções”, adiantando que os “factos são evidentes”.
“Aquilo trata-se de mostrar um mapa que revela um período histórico durante o século XVII [Portugal foi anexado por Espanha entre 1580 e 1640], em que a dinastia filipina está também a dominar Portugal e, portanto, Portugal era, nessa altura, parte desse domínio espanhol”, salientou.
O líder do Chega afirmou assim que, tratando-se de um “facto histórico” — “em que efetivamente Portugal esteve mal, e infelizmente, debaixo do domínio espanhol” — a situação é diferente da que ocorreu há cerca um ano, quando o Vox também já tinha partilhado uma imagem onde uma parte de Portugal aparecia anexada por Espanha.
Na altura, André Ventura tinha exigido um pedido de desculpas ao partido nacionalista espanhol — que nunca recebeu — recordando agora que, depois de o Vox ter sido questionado sobre o tema quando esteve em Portugal, deixou claro que “era um assunto encerrado” e que “nem sequer se tinham na altura apercebido da dimensão disso”.
Salientando que, atualmente, a situação é diferente, “porque há uma relação institucional” entre os dois partidos – o líder do Chega esteve este fim de semana em Madrid, onde discursou num evento do Vox -, André Ventura afirmou que, neste caso, “não há nenhuma questão de anexação nem nenhuma questão de subtração do território”, contrariamente ao que aconteceu há um ano.
“Trata-se de um período histórico detalhado, mas que podia ter sido evitado, devia ter sido evitado, nomeadamente porque é sabido historicamente que há uma sensibilidade muito forte entre Portugal e Espanha” sobre este assunto, indicou.
Nesse sentido, o presidente do Chega afirmou que está a tentar “saber o que se passou e como é que se passou e, percebidas essas intenções”, exigirá “naturalmente que seja retirada essa imagem da circulação e que o Vox não volte a apadrinhar situações destas, independentemente da sua natureza histórica”.
“Vamos exigir esclarecimentos [e] voltaremos a exigir, se necessário, um pedido de desculpas porque para nós o território é sagrado e a Nação portuguesa é sagrada”, indicou.
Na terça-feira, o Vox divulgou um cartaz alusivo ao Dia da Hispanidade, que então se comemorava, em que o território português é parte de Espanha, tal como as ex-colónias portuguesas.
“A Espanha tem muito a comemorar e nada do que se arrepender. Num dia como hoje, há 529 anos, Colombo descobriu a América e começou a Hispanidade, a maior obra de geminação realizada por um povo na história universal”, afirmou o partido em mensagem que acompanha a imagem divulgada nas redes sociais.
No centro da imagem está um mapa que assinala a vermelho antigas possessões da coroa espanhola em todo o mundo, incluindo Portugal, toda a América Latina, grande parte da América do Norte e as costas africanas do Atlântico e Índico, incluindo o que é hoje Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, entre outros países.
No topo, uma bandeira com as armas portuguesas, ao lado do escudo real espanhol filipino, durante o período de 60 anos de anexação de Portugal por Espanha (1580-1640), em que as armas portuguesas faziam parte do brasão da coroa espanhola.
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