A notícia da sua renuncia ao cargo surge após uma investigação da Procuradoria Geral de Nova Iorque ter confirmado as alegações de assédio sexual de que era alvo.
Para a decisão do governador, que estava no terceiro mandato, também pensou um processo de destituição (‘impeachment’) que estava a ser preparado pelo poder legislativo.
"Não gostaria de ser outra coisa que não útil. E penso que dadas as circunstâncias, a melhor forma agora de ajudar é se me afastar e deixar o governo voltar ao governar. É por isso que o farei [renunciar], é isso que farei, porque trabalho para vocês e é o correcto a fazer. É o correcto a fazer por vocês [eleitores]", declarou Cuomo esta terça-feira.
O processo começou depois de o procurador-geral de Nova Iorque ter divulgado os resultados de uma investigação que deu conta de que Cuomo assediou sexualmente pelo menos 11 mulheres.
A investigação durou quase cinco meses, visou entrevistas a 179 pessoas e determinou que Andrew Cuomo assediou sexualmente várias mulheres, atuais e ex-funcionárias.
Os investigadores indicaram que Cuomo submeteu as mulheres a beijos indesejados, apalpou seios ou nádegas ou tocou-lhes de forma inadequada, fez comentários insinuantes sobre a aparência delas e sobre a sua vida sexual.
Nas conclusões, os investigadores indicaram também que Cuomo criou um ambiente de trabalho “repleto de medo e intimidação”.
A vice-governadora Kathy Hochul, uma democrata de 62 anos e ex-membro do Congresso de Buffalo, irá tornar-se a 57.ª governadora do Estado e a primeira mulher a ocupar o cargo.
"Assumo toda a responsabilidade"
Ao anunciar a decisão, feita numa conferência de imprensa, Cuomo disse assumir "toda a responsabilidade" pelas ações cometidas.
Cuomo argumentou que houve "mudanças geracionais ou culturais" que não conseguiu entender, reconheceu que a "polémica política" como a que está a passar consumirá "tempo e dinheiro que deveria ser usado no combate à covid-19" e que optou por "dar um passo para o lado" após dias de críticas.
Cuomo está divorciado desde 2005 da autora e ativista Kerry Kennedy, membro da família Kennedy e com quem tem três filhas adultas, e esteve envolvido numa relação até 2019 com Sandra Lee, uma popular personalidade do ‘Lifestyle’ de um canal de televisão norte-americano.
No discurso em que apresentou a demissão, acabou por dedicar parte da intervenção às filhas.
"Quero que saibam, do fundo do meu coração: nunca desrespeitei e nunca desrespeitaria intencionalmente uma mulher ou trataria uma mulher de maneira diferente do que gostaria que fosse tratada. O vosso pai cometeu erros e apresentou as desculpas. E aprendeu com isso. E é disso de que se trata a vida", disse Cuomo.
Segundo reporta a agência noticiosa Associated Press (AP), o agora ex-governador de Nova Iorque ganhou experiência política como um gestor de campanha "obstinado e muitas vezes implacável".
Cuomo chegou a procurador-geral de Nova Iorque e a secretário de Habitação dos Estados Unidos no governo do antigo Presidente Bill Clinton, antes de ser eleito governador em 2010.
Nova Iorque assistiu a uma série de figuras políticas de alto nível caírem em desgraça nos últimos anos.
O antigo governador Eliot Spitzer renunciou em 2008 num escândalo que envolveu uma prostituta.
O deputado republicano Anthony Weiner foi para a prisão por se ter envolvido numa sessão de ‘sexting’ – termo usado para descrever o envio pela Internet de conteúdo erótico ou sexual, como fotografias e vídeos que são produzidos por alguém para outras pessoas – com uma rapariga de 15 anos.
O procurador-geral Eric Schneiderman renunciou em 2018 depois de quatro mulheres o terem acusado de abuso sexual.
Por fim, dois dos principais líderes do poder legislativo foram condenados por corrupção.
(Notícia atualizada às 22:53)
*Com Lusa
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