"Um Angel Shot, por favor". Se precisar de ajuda para sair de uma situação complicada em que se sente intimidada ou assediada num bar, este é o pedido a fazer. Basta isso para que o funcionário ou funcionária entrem em ação. Depois da bebida, estes acompanham a mulher que pediu ajuda até ao seu carro. Mas há outras variantes do pedido: se incluir gelo, é chamado um Uber ou semelhante; se levar lima, há uma chamada direta para a polícia.

E como é que as mulheres sabem que tipo de shot pedir? Uma ida à casa de banho é suficiente, ali existem cartazes com o código. Por isso, os homens não têm acesso aos detalhes.

Nos últimos anos têm sido vários os movimentos deste estilo por todo o mundo. No caso concreto do Angel Shot, o primeiro caso mais falado ocorreu em São Petersburgo, na Flórida, em 2017. Anteriormente, a campanha "Ask for Angela" [Pergunte pela Angela] teve também sucesso em Lincolnshire, no Reino Unido, dizendo-se que pode ter sido daqui que surgiu posteriormente o Angel Shot. Seguindo a mesma linha dos cartazes nas casas de banho femininas, este movimento pretendia travar os sucessivos casos de violações na região. Neste momento, a prática já se estendeu a outros países.

Para que o código não seja óbvio, há estabelecimentos que utilizam outros nomes no pedido da bebida com o mesmo objetivo, o de obter ajuda.

Contactos úteis em caso de situações de violência:

Linha de apoio à vítima (APAV)
116 006 | Chamada gratuita | Dias úteis 9h-21h

Rede CARE — Apoio a crianças e jovens vítimas de violência sexual
21 358 79 00

Associação de Mulheres Contra a Violência (AMCV)
21 380 21 65 | Linha de emergência

União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR)
808 202 148

Apoio urgente
112 | Chamada gratuita

No que diz respeito à utilização deste conceito no nosso país, Fernando Brito, Presidente do Conselho Técnico da Associação Barmen de Portugal, adianta ao SAPO24 que ainda não têm informação de que a prática seja generalizada em Portugal, adiantando porém que "como as modas são replicadas, certamente dentro em breve começaremos a ver também por cá".

Fernando Brito explica ainda que estas "são ações levadas a cabo pelos proprietários dos estabelecimentos, não sendo algo institucionalizado". Contudo, "este tipo de atitude é de extrema importância por parte dos proprietários de bares e discotecas, uma vez que muitos predadores se escondem por trás de falsos perfis, trazendo situações complicadas às vítimas nos encontros", remata.