A situação epidemiológica da malária foi hoje dada a conhecer, em Luanda, pelo coordenador-adjunto do Programa Nacional de Controlo da Malária (PNCM), Rafael Dimbu, informando que no último trimestre deste ano a malária, primeira causa de morte por doença em Angola, registou aumento quer no número de casos quer em óbitos.
“Este ano, de uma forma muito particular está a ter dimensões um pouco alarmantes porque estamos a ouvir falar em surtos um pouco por todo o país, que o Ministério da Saúde está a acompanhar”, referiu.
Rafael Dimbu referiu que a malária é um problema de saúde pública em Angola, é a primeira causa de morte por doença, de internamento, de absentismo laboral e escolar.
Os dados estatísticos indicam que a província de Luanda continua a ser a mais afetada, justificada também pela quantidade de pessoas que habitam na capital angolana, que representam 20 por cento da população total de Angola.
Depois de Luanda sofrem igualmente com a malária as províncias de Benguela, Bié, Cabinda, Cuanza Sul, Malanje e Uíge.
“Agora os surtos estão a surgir em vários municípios, de várias províncias, como é o caso do município do Cuango, na zona de Cafunfo, província da Luanda Norte, também em cinco municípios da província do Huambo, três municípios na província do Uíge, por aí fora”, disse.
Acrescentou que o país está a viver “um período sombrio este ano, desde o último trimestre, com taxas de incidência da malária muito altas em alguns municípios das províncias do Cuanza Norte, Cabinda, Bengo, Huambo e Lunda Norte”.
“As taxas de mortalidade também foram mais elevadas nas províncias do Cuando Cubango, Moxico e Bengo”, referiu.
Relativamente aos óbitos, Rafael Dimbu disse que é o que tem registado maior diminuição na luta contra a malária, com exceção no período entre o último trimestre de 2015 e primeiro semestre de 2016, altura em que Angola foi assolada por um surto da doença.
A malária causou 15.000 mortos em Angola, em 2016, de um total de 4,276 milhões de casos, epidemia considerada pelas autoridades angolanas “um drama para o país”.
Segundo o ministro da Saúde na altura, Luís Gomes Sambo, esta foi das piores epidemias de paludismo que Angola registou, salientando que em 2015, as estatísticas referem 3,3 milhões de casos e 7.000 óbitos.
Em 2017, apesar de não ter reduzido muito o número de casos e de óbitos, “houve descidas”, segundo o coordenador-adjunto do PNCM, ainda assim que não podem ser comparadas a 2014, ano em que Angola registou o menor número de casos e mortes por malária.
As crianças menores de cinco anos continuam a ser as mais atingidas pela malária e a chegada tardia ao hospital agrava a situação e contribui para o número de óbitos.
Para fazer face ao “quadro sombrio” que se vive nesta altura, Rafael Dimbu disse que o Ministério da Saúde reativou o Conselho Nacional para as Emergências, que integra vários ministérios que estão ligados direta ou indiretamente ao controlo da malária.
Rafael Dimbu considerou importante o reforço da mobilização social, a melhoria do saneamento básico, a distribuição de mosquiteiros para se combater esta endemia.
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