O posicionamento dos eleitores que ontem se dirigiram às urnas foi expresso hoje durante uma ronda efetuada em Luanda pela Lusa, muitos dos quais de regresso ao trabalho depois da tolerância de ponto de quarta-feira, devido à votação, como é caso de Pedro Camboio.
O funcionário público, de 41 anos, augura que os resultados das eleições gerais sejam divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) “como mandam as regras” e “porque Angola precisa de mudanças positivas”.
“Espero que haja transparência e lisura nos resultados, que tudo corra bem, que a CNE faça o seu trabalho. Estou bastante ansioso, o país precisa realmente de que as coisas mudem no sentido positivo e construtivo para que este povo possa viver de forma a que todos se sintam bem”, disse.
A votação decorreu entre as 07:00 e as 18:00 de quarta-feira, em todo o país, e a CNE indicou que deverá anunciar nas próximas horas os resultados preliminares da eleição.
Expectante pelos resultados das eleições gerais de Angola está igualmente a estudante Domingas Forte, que assume ter feito uma “aposta certa” na votação: “As eleições correram bem. Espero que os resultados estejam todos certos para o meu partido, apesar de alguma expectativa”, contou à Lusa.
José Gonga, aposentado, saiu de manhã cedo à rua para perceber o ambiente, assumindo a ansiedade com os resultados.
Aos 68 anos, estas são as quartas eleições que vê no país e faz dois apelos: “respeito pelo povo e valorização da paz” da parte de quem vencer as eleições, e “aceitação dos resultados” da parte de quem perder.
“Porque Angola é nossa mãe e apenas queremos paz. Não queremos mais confrontos nem confusão, porque o povo é que sofre. Por isso estamos bastante ansiosos e quem ganhar deve ser pai de todos nós porque somos todos angolanos”, observou.
Melhores resultados e o cumprimento das promessas eleitorais é o que anseia José Matias, que começou o dia igualmente à procura de resultados.
“Claro que há sempre uma ansiedade para que vença o partido em que apostamos, mas se não vencer vou reagir com normalidade e quem de facto vencer que preste atenção no povo e cumpra as promessas que fez”, afirma este agente de segurança.
Angola realizou na quarta-feira as quartas eleições, segundas gerais, envolvendo a eleição direta da Assembleia Nacional (220 deputados), e indireta do Presidente e do vice-Presidente da República.
Às eleições concorreram o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).
A CNE constituiu 12.512 assembleias de voto, que incluíram 25.873 mesas de voto, algumas instaladas em escolas e em tendas por todo o país, com o escrutínio centralizado nas capitais de província e em Luanda, num total de 9.317.294 eleitores.
A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).
O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições gerais de 2012.
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