A informação resulta de dados do Ministério das Finanças a que a Lusa teve hoje acesso, sobre a arrecadação de receitas com a venda de diamantes entre janeiro e setembro, apontando que Angola vendeu 7.224.637,89 quilates neste período.
Estas vendas ascenderam no total a 800,2 milhões de dólares (689 milhões de euros), e representaram um encaixe em receita fiscal, através de cobrança de Imposto Industrial e pagamento de royalties pelas empresas mineiras, de 10,5 mil milhões de kwanzas (54,8 milhões de euros), também em nove meses de 2017.
Só em setembro, Angola exportou 760 mil quilates de diamantes, que renderam globalmente, em vendas, 91,6 milhões de dólares (78,9 milhões de euros), e em receitas fiscais mais de 729,6 milhões de kwanzas (3,8 milhões de euros).
Em setembro, cada quilate de diamante angolano foi vendido, em média, a 120,55 dólares, o valor mais alto desde os 123 dólares em março, mas longe do pico de 158,5 dólares em fevereiro de 2016.
Na sexta-feira, em Luanda, o Presidente angolano, João Lourenço, exortou a nova administração da administração da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), a segunda maior empresa nacional, a definir "boas políticas" para o setor, de forma a captar "grandes investidores estrangeiros".
O chefe de Estado deu posse, entre outros organismos, ao novo conselho de administração da Endiama, que passa a ser presidido por José Manuel Ganga Júnior, sucedendo no lugar a Carlos Sumbula, que estava nas funções desde 2009 e foi exonerado por João Lourenço.
"Precisamos de boas políticas, neste setor dos diamantes. Políticas que atraiam os grandes investidores, as multinacionais do diamante, de forma a que elas se sintam motivadas a investir no nosso país, a exemplo do que fazem em outras partes do mundo", disse João Lourenço, na intervenção que fez após dar posse à nova administração da Endiama.
O economista José Manuel Ganga Júnior exerceu até 2015 o cargo de diretor-geral da Sociedade Mineira de Catoca, responsável por 75% da produção diamantífera anual angolana, tendo sido eleito como um dos mais destacados gestores angolanos.
"Acreditamos que se encorajarmos uma política de comercialização que seja justa e transparente, vamos com isso atingir dois grandes objetivos. Atrair os investidores, por um lado, e de alguma forma desencorajar, afastar, o garimpo [ilegal, de diamantes] do nosso país", apontou ainda, na mesma intervenção, João Lourenço.
O chefe de Estado criticou ainda o estatuto de "Clientes Preferenciais", definido anteriormente, relativamente a projetos mineiros que venham a ser descobertos em Angola, para justificar que o afastamento dos investidores.
"Convido-os [administração da Endiama] a reanalisar com frieza e a apresentarem-me proximamente uma proposta sobre a melhor forma como tratar deste assunto, que eu sei ser uma questão delicada. No entanto, é nosso dever trabalharmos no interessa da economia nacional, para que além do petróleo, os diamantes - e outras riquezas do nosso país -, possam também contribuir para o crescimento do produto interno bruto, para termos um Orçamento Geral do Estado que seja o maior possível", concluiu o Presidente angolano.
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