Numa entrevista concedida em Madrid, para onde viajou logo após as eleições gerais angolanas de 23 de agosto, João Lourenço, atual ministro da Defesa Nacional, afirmou que os investidores espanhóis "estão convidados" a apostar em negócios em Angola, como na indústria, pesca e turismo, além da defesa, setor em que já decorrem "contactos".
"Estamos no processo de aquisição de aviões de vigilância marítima ao fabricante espanhol CASA. Estamos interessados em proteger a fronteira norte com a República Democrática do Congo e sabemos que a Espanha tem boas soluções e equipamentos para a proteção de ambas as fronteiras, marítimas e terrestres", disse João Lourenço, na entrevista à agência espanhola EFE.
Os dados provisórios divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana apontam o MPLA como vencedor das eleições gerais, com 61% dos votos, e a eleição de João Lourenço como novo Presidente da República, sucedendo a 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos.
Os resultados oficiais - a oposição contesta os dados provisórios, com ameaça de impugnação - só deverão ser divulgados pela CNE após 06 de setembro, mas João Lourenço já assume como prioritárias para o próximo Governo algumas promessas feitas durante a campanha eleitoral.
"Diversificar a economia é fundamental e indispensável para sobreviver, é imprescindível abrir a nossa economia e esquecermos um pouco o petróleo. O nosso país, Angola, pode sobreviver, tem mais recursos além do petróleo", afirmou João Lourenço.
Desde logo garante que serão criados incentivos à agroindústria em Angola, para potenciar as vastas terras aráveis e água disponíveis, afirmando que o país pode vir a ser "uma grande potência agrícola, do tipo do Brasil".
A privatização de empresas públicas que não sejam lucrativas e representem um "peso morto para o Estado" mantém-se como prioridade de João Lourenço: "Quais? Não posso dizer, isso é o que vamos estudar, caso a caso, e será feito pelo novo executivo".
Na mesma entrevista, João Lourenço assume o objetivo de "preservar e usar" as "conquistas" dos antecessores, Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos, ambos do MPLA.
"Vou usar essas conquistas, a independência, a soberania, a paz, a reconciliação, e concentrar-me no desenvolvimento da economia. Angola tem recursos enormes e as condições necessárias para criar um ambiente de negócios que incentiva os investidores a virem para o nosso país", concluiu.
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