O Ministério Público (MP) divulgou hoje, na sua página na internet, que o antigo diretor do Mosteiro de Alcobaça, Rui Rasquilho, está acusado de, entre o dia 28 de junho de 2005 e 31 de julho de 2008, se ter “aproveitado da função” que exercia e de “se se ter apoderado de uma peça de escultura que reproduz a ‘roda da vida’”.

A peça, da autoria do escultor António Augusto da Costa Motta, denominada “rosácea do túmulo de D. Pedro”, é uma réplica em gesso da escultura original que se encontra no túmulo exposto no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça.

Considera de “elevado interesse histórico” e pertencente “ao Estado português”, a peça, com cerca um metro de diâmetro, terá sido mandada fazer por Vieira Natividade para a estudar.

Fazia parte da coleção de Vieira Natividade, cujo espólio foi doado no início da década de 90, do século passado, ao extinto Instituto Português do Património Cultural.

A ‘roda da vida’ estava desaparecida desde 2005, o que deu origem a uma investigação da polícia judiciária (PJ), que culminou com a apreensão da escultura no dia “30 de janeiro de 2019, na residência de uma terceira pessoa, a quem o arguido tinha pedido que guardasse”, revelou o MP.

O inquérito foi dirigido pelo MP da 1.ª secção das Caldas da Rainha do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Leiria, com a coadjuvação do Departamento de Investigação Criminal (DIC) de Leiria da PJ.

Contactado pela Lusa, Rui Rasquilho recusou comentar “o processo que corre os trâmites normais” e negou ter “cometido qualquer crime”.

A recuperação da peça foi anunciada em fevereiro deste ano, no âmbito de uma investigação que, segundo disse na altura à agência Lusa o então coordenador da PJ de Leiria, Gil Carvalho, “contou com a colaboração da atual diretora do Mosteiro, Ana Pagará, e em que foram ouvidas diversas testemunhas”.

Na altura, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) congratulou-se também com a recuperação da peça “em relativo bom estado de conservação”, informando que a mesma se encontra depositada nas reservas do Mosteiro de Alcobaça.

O crime de peculato corresponde a subtração ou desvio, mediante abuso de confiança, de dinheiro ou bens públicos, para proveito próprio ou alheio, pelo funcionário público que os administra ou guarda.