“Num momento em que na Europa há um excesso de medo em relação ao futuro, medo das alterações climáticas ou de sermos capazes de sustentar o nosso modelo social, o melhor que podemos fazer é aproveitar a diversidade que a Europa proporciona para conseguirmos trabalhar em rede, porque assim somos capazes de fazer muito mais do que cada um isoladamente”, disse António Costa.
O primeiro-ministro discursava na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa, em Almada, distrito de Setúbal, referindo que o investimento em ciência é “absolutamente crucial” para enfrentar os grandes desafios da atualidade, como as alterações climáticas ou a competitividade económica de países como a China e os Estados Unidos.
Na visão de António Costa, a melhor forma de a Europa se proteger dos parceiros económicos não é fechar fronteiras, nem travar o investimento externo, mas sim “investir cada vez mais" nas suas próprias capacidades e na “prioridade certa”.
Essa prioridade deverá ser, segundo o primeiro-ministro, o investimento na “educação, investigação, cultura, inovação e formação ao longo da vida”.
António Costa acompanhava, nesta visita, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, que está hoje em Portugal para diversas reuniões de trabalho.
Para o líder do executivo português, Mark Rutte “tem sido um excelente parceiro”, até porque, apesar de não partilharem a mesma visão e realidade, tem sido “estimulante encontrar um caminho em comum”.
Na faculdade, os dois governantes conheceram alguns projetos elaborados no âmbito europeu e, para António Costa, a instituição é um exemplo “do que a Europa tem feito” e do que “Portugal tem conseguido fazer graças à Europa”.
Neste sentido, o primeiro-ministro lembrou um dos projetos europeus que “as pessoas mais apreciam”, o programa Erasmus, o que “mais tem feito pela promoção da cidadania e pela entidade europeia”.
“O Erasmus dá uma oportunidade de abertura absolutamente extraordinária e isso só é possível graças à União Europeia. Temos um espaço de liberdade de circulação, onde cada um pode escolher onde trabalhar, onde estudar, onde quer prosseguir o seu percurso”, explicou.
Durante a intervenção, António Costa falou também sobre o ‘Brexit’, afirmando que “tem sido mais fácil 27 Estados-membro terem uma posição negocial comum, do que internamente no Reino Unido encontrarem uma posição comum para negociar com a União Europeia”.
Ainda assim, realçou, com a saída do Reino Unido da União Europeia, países como a Holanda e Portugal “têm que fazer cada vez mais”.
Um exemplo da cooperação já estabelecida entre os dois países, segundo António Costa, são os mais de 500 projetos, elaborados através do Horizonte2020, fazendo dos Países Baixos o “sexto maior parceiro das instituições portuguesas no desenvolvimento de projetos comuns”.
Apesar desta colaboração ser “um bom começo”, é preciso continuar a apostar em conjunto nas áreas prioritárias, como as alterações climáticas, tudo o que tem a ver com o mar, os desafios da inteligência artificial e da biotecnologia, acrescentou o primeiro-ministro.
“Temos que partir à descoberta e alcançar aquilo que falta descobrir como durante séculos temos feito. É essa a confiança que temos que ter”, defendeu.
O primeiro-ministro holandês visitou hoje de manhã a Academia do Sporting Clube de Portugal, em Alcochete, no distrito de Setúbal e, pela tarde, vai encontrar-se com o homólogo português na residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa.
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