Questionado sobre a controvérsia com a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, e a preocupação com os lares, nomeadamente com o de Reguengos de Monsaraz, Costa desvalorizou o tema, que disse ser uma "polémica artificial".

"Não nos devemos distrair do essencial nem estar aqui em polémicas artificiais, cada um deve concentrar-se naquilo que lhe compete fazer; ao Ministério do Trabalho compete fiscalizar e apoiar os lares".

"Não houve nas palavras da ministra nenhuma tentativa de desvalorização da realidade", garantiu, salientando depois que "convém não esquecer que os lares não são do Estado". "São fruto da atividade do terceiro setor", que, para o primeiro-ministro, "são parceiros fundamentais na nossa sociedade".

“Não podemos confundir a árvore com a floresta", salientou Costa. "Muitas famílias portuguesas têm entes queridos internados em lares, não podemos criar uma situação de alarme que não se justifica", pediu.

"Felizmente o número de lares onde tivemos problemas é uma percentagem diminuta (...) mas isto não é desvalorizar", garantiu depois o chefe do Governo.

"Temos de nos preocupar, mas não há razões para alarme (...) Temos de ter noção dos casos que existem, mas também enquadrar e contextualizar essa informação no conjunto da situação. Neste caso concreto, não houve nenhuma desvalorização do ponto de vista da investigação", acrescentou.

Aos jornalistas, António Costa manifestou ainda confiança na ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

"Não vale a pena pedirem a demissão de membros do Governo. Tenho toda a confiança em Ana Mendes Godinho (...) está a fazer trabalho excecional e vai continuar a fazê-lo", elogiou o primeiro-ministro.

Minutos antes, em Alcanena, Santarém, a ministra disse aos jornalistas que a Segurança Social enviou ao Ministério Público o relatório sobre o lar de Reguengos de Monsaraz a 16 de julho. "No dia 14 de julho, a Segurança Social fez um relatório de toda a situação e no dia 16 este relatório foi enviado para o Ministério Público", explicou.

Ana Mendes Godinho disse que "é nessa sede de processo que devem ser analisadas” todas as “matérias que constam dos vários relatórios que foram produzidos por várias entidades, alguns deles com elementos contraditórios".

“É nessa sede que tudo isso deve ser apurado”, afirmou aos jornalistas depois da apresentação de um projeto sobre recuperação de casas degradadas

"Desde o início da pandemia que os lares têm sido uma prioridade total do Governo e de todos nós", garantiu.

A polémica em causa

A dimensão dos surtos de covid-19 nos lares de idosos "não é demasiado grande em termos de proporção", respondeu Ana Mendes Godinho, em entrevista publicada sábado, no jornal semanário Expresso, admitindo ainda falta de funcionários naquelas instituições.

Na oposição, o PSD pediu a audiência urgente da responsável governativa no parlamento, enquanto CDS-PP e Chega exigiram mesmo a sua demissão.

O surto de Reguengos de Monsaraz, detetado em 18 de junho, provocou 162 casos de infeção, a maior parte no lar (80 utentes e 26 profissionais), mas também 56 pessoas da comunidade, tendo morrido 18 doentes (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade).