Em resposta à polémica da última semana, a ministra Ana Mendes Godinho disse à comunicação social que “desde o início da pandemia que os lares têm sido uma prioridade total do Governo e de todos nós”.

Na origem está um relatório sobre o surto de Covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz, que a ministra admitiu não ter lido, numa entrevista ao Expresso no dia 14 de agosto. No lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva faleceram 18 pessoas. Na sequência da situação, o CDS-PP e o Chega pediu a demissão da ministra e o PSD pediu uma audição parlamentar com caráter de urgência.

Ana Mendes Godinho disse já ter lido “todos os relatórios”, acrescentando que instaurou um inquérito em relação a este lar, junto da Segurança Social no dia 12 de julho, cerca de um mês depois do surto em Reguengos de Monsaraz.

A ministra explicou que dia 14 de julho, “a Segurança social fez um relatório de toda a situação” e que “dia 16 de julho foi enviado para o Ministério Público, onde está a ser avaliada toda a situação”. A governante acrescentou que os relatórios sobre Reguengos de Monsaraz têm dados que são "contraditórios" entre si.

Ontem, dia 17 de agosto, o secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, já tinha mencionado que os documentos estavam em investigação do Ministério Público.

O surto de Reguengos de Monsaraz, detetado em 18 de junho, provocou 162 casos de infeção, a maior parte no lar (80 utentes e 26 profissionais), mas também 56 pessoas da comunidade, tendo morrido 18 doentes (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade).

"Todos sabemos os desafios que esta pandemia coloca sobre todos nós, mas claramente os lares foram uma prioridade assumida, desde o início, atendendo ao risco e à idade de quem está nos lares”, disse Ana Mendes Godinho, acrescentando que “mais de 50% das pessoas nos lares do país têm mais de 80 anos”.

A ministra disse que têm sido implementadas medidas para proteger estes cidadãos e instituições, "desde todas as visitas que estão a ser feitas a todas as instituições desde março” até à testagem de todos trabalhadores dos lares do país. Nesse sentido, reiterou que “tem sido esse o compromisso” do Governo.

Ana Mendes Godinho elogiou ainda o trabalho dos voluntários a nível nacional, dizendo que é necessária "ação no terreno”. A governante disse que os lares foram reforçados com mais seis mil trabalhadores desde o início da pandemia, reforçando as declarações de Lacerda Sales na conferência de imprensa da Direção Geral da Saúde de ontem.

Questionada sobre que medidas se podem tomar desde já para evitar novas situações como a de Reguengos, Ana Mendes Godinho apontou para as conclusões dos relatórios em análise sobre o caso concreto do lar que vitimou 18 pessoas.

"A avaliação dos vários relatórios que existem também servem para avaliação do que podemos fazer mais em conjunto", afirmou, tendo feito notar que a ação do governo e dos vários parceiros e instituições de solidariedade social decorre em "dois momentos paralelos", sendo um deles o da fiscalização - "em 2019 foram encerrados 137 lares ilegais" - e o outro no "encontrar forma de proteger as pessoas". Acrescentou que a Autoridade para as Condições do Trabalho “teve os seus meios reforçados em recursos humanos”.

Questionada se se sente fragilizada e capaz de continuar no cargo, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social reiterou que a sua missão é "proteger quem precisa" e que "é nesse sentido" que continuará "a trabalhar sempre".

O primeiro-ministro manifestou hoje "toda a confiança política" na ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, alvo de críticas devido a uma entrevista que gerou polémica no tema dos casos de covid-19 em lares de idosos.

[Última Atualização às 15:00]

Com Lusa

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