“Estou profundamente preocupado com o agravamento dos combates em Idlib e a situação é ainda mais preocupante à medida que o número de atores aumenta”, afirmou Guterres, durante um encontro com a comunicação social.

“Apelo em particular aos garantes [do processo político] de Astana [capital do Cazaquistão], em especial à Rússia e à Turquia, signatários do acordo de setembro de 2018 para Idlib, para estabilizarem sem demora a situação”, acrescentou.

O secretário-geral da ONU insistiu que “não há uma solução militar para a crise síria” e que o caminho tem de passar por uma solução política.

Guterres lamentou o facto de a população civil síria estar uma vez mais a pagar “um preço horrível” devido aos combates que prosseguem no terreno.

“Mesmo na luta contra o terrorismo, é necessário aplicar plenamente os direitos humanos e o Direito Internacional humanitário”, frisou.

A situação na província síria de Idlib foi colocada na agenda de uma reunião pública e de emergência do Conselho de Segurança da ONU, agendada para hoje.

Esta reunião, que não estava inicialmente programada, foi solicitada pela Bélgica, Alemanha e Koweit, três dos membros não permanentes deste órgão máximo da ONU (por ter a capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo) e países responsáveis pela componente humanitária da organização internacional para a Síria, segundo diplomatas, citados pelas agências internacionais.

Em maio passado, várias reuniões foram realizadas no seio do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria e a situação na província de Idlib.

As Nações Unidas temem uma “catástrofe humanitária” se a violência persistir naquela região.

A província de Idlib, entre outras áreas das províncias vizinhas de Hama, Alepo e Latakia, ainda é controlada por forças insurgentes e o regime de Damasco continua a lutar pelo seu domínio.

Dominadas pela organização ‘jihadista’ Hayat Tahrir al-Sham (HTS, grupo controlado pelo ex-braço sírio da Al-Qaida), estas zonas foram objeto, em setembro passado, de um acordo firmado entre a Turquia, que apoia as forças rebeldes sírias, e a Rússia, um aliado tradicional da Síria, que visava evitar uma grande ofensiva militar do exército sírio naquela área geográfica.

O acordo pretendia criar uma “zona desmilitarizada” que iria separar os setores insurgentes das áreas controladas pelas forças governamentais adjacentes.

Mas, o acordo foi só parcialmente aplicado por causa da resistência e da recusa dos ‘jihadistas’ em se retirarem daquela futura “zona tampão”.

Nas últimas semanas, esta província do noroeste da Síria tem sido alvo de bombardeamentos quase diários por parte do regime sírio e do seu aliado russo.

A nova vaga de violência nesta região, onde vivem cerca de três milhões de pessoas, já matou mais de 400 civis desde finais de abril, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSHR), e obrigou à fuga de cerca de 270 mil pessoas, segundo a ONU.

Desencadeado em março de 2011 pela violenta repressão do regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, de manifestações pacíficas, o conflito na Síria ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos ‘jihadistas’, e várias frentes de combate.

Num território bastante fragmentado, o conflito civil na Síria provocou, desde 2011, mais de 370 mil mortos, incluindo mais de 100 mil civis, e milhões de deslocados e refugiados.

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