Numa publicação no blog da empresa intitulada “Protecting the European Parliament Elections” (“Proteger as Eleições para o Parlamento Europeu”), Anika Geisel, responsável pela política pública para as eleições do Facebook, escreveu que a empresa está comprometida a “estabelecer um alto padrão de transparência quando se trata de propaganda política”.

Em véspera de eleições para o Parlamento Europeu, que terão lugar em maio, a funcionária da empresa descreve várias das “novas ferramentas” que a rede social pretende disponibilizar “para ajudar a evitar a interferência estrangeira nas próximas eleições e tornar a propaganda política no Facebook mais transparente”.

Uma das medidas passa por aumentar o escrutínio na compra de anúncios políticos, sendo que “os anunciantes vão precisar de uma autorização” para fazê-lo, e disponibilizar “muito mais informação sobre os anúncios”.

Escreve Geisel que para publicar “anúncios eleitorais ou anúncios sobre questões importantes e altamente debatidas relacionadas com as Eleições para o Parlamento Europeu”, vai ser necessário prestar várias informações, como a identidade. Segundo a empresa, quando se carregar na secção “pago por” do anúncio, vai ser possível ver todos os dados relativos ao anúncio, como o seu desempenho e as suas interações, “além de dados demográficos de quem o viu, idade, sexo e localização”. Estes dados serão públicos e estarão disponíveis em facebook.com/adlibrary.

A importância do escrutínio prende-se com a capacidade que estes anúncios têm em influenciar os utilizadores da plataforma. De recordar que a plataforma revelou que, em antecipação às eleições intercalares nos EUA, foram gastos em seis meses cerca de 256 milhões de dólares que suportaram 1,7 milhões de anúncios relativos a um determinado candidato.

Outra medida visando as eleições europeias passa por reforçar a “a abordagem de três etapas para melhorar a qualidade e a autenticidade” do conteúdo que surge no feed de notícias dos utilizadores. Esta passa por remover “o conteúdo que viola os padrões de autenticidade da comunidade”, limitar a distribuição do conteúdo que “não viola diretamente os Padrões da Comunidade do Facebook, mas ainda assim prejudica a autenticidade da plataforma” e facultar “informações adicionais às pessoas, partilhando mais detalhes sobre o artigo em causa e o editor”.

O Facebook diz ainda comprometer-se a “expandir o seu programa de verificação de factos”, procurando disponibilizar “a possibilidade de os verificadores de factos analisarem fotos e vídeos, além de links de artigos”. Diz Geisel que as ferramentas de fact-checking permitem classificar “uma publicação como falsa”, o que faz com que a plataforma lhe atribua uma classificação que reduz a sua distribuição (“impede que uma publicação se espalhe e reduz o número de pessoas que a veem”).

No cerne destas medidas estão as críticas ao Facebook por não ter levado a sério as campanhas de desinformação e de manipulação atribuídos a agentes próximos do regime russo durante as presidenciais norte-americanas de 2016. Casos como este têm colocado em causa a confiança dos utilizadores do Facebook, particularmente quanto à partilha dos dados pessoais para fins políticos à sua revelia.

O maior escândalo que afetou o Facebook foi descoberto em março de 2018, quando se descobriu que a consultora britânica Cambridge Analytica (que encerrou em maio do ano passado) utilizou uma aplicação de recolha de milhões de dados de utilizadores da rede social e que foram utilizados na campanha presidencial de Donald Trump, nos Estados Unidos, em 2016. Pelo seu envolvimento, a empresa de Mark Zuckerberg foi multada em 560 mil euros no Reino Unido .

Dos 87 milhões de utilizadores que se estima que tenham sido afetados, 63 mil podem ter sido portugueses. Por essa razão, no passado mês de novembro, a DECO decidiu pôr o Facebook em tribunal por uso indevido dos dados dos utilizadores.

Para operacionalizar estas ferramentas, o Facebook “planeia criar novos centros de operações, focados na integridade das eleições, incluindo um centro em Dublin”, assim como colaborar com “legisladores, comissões eleitorais, verificadores de factos, investigadores, académicos e grupos da sociedade civil” com o objetivo de “continuar a luta contra notícias falsas e desinformação”.

Nesse sentido, já neste ano a empresa encerrou centenas de páginas e contas vinculadas à Rússia, explicando que tomou as providências depois de encontrar duas redes "envolvidas em comportamento coordenado não autêntico" nas suas redes sociais Facebook e Instagram.

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