"Sou extremamente crítico do funcionamento da APA [Agência Portuguesa do Ambiente] nesta e noutras matérias, o que ainda recentemente levou o ministro Duarte Cordeiro a telefonar e pedir-me desculpa relativamente às informações que tinham sido dadas à comunicação social sobre a praia do Ourigo", afirmou hoje o autarca durante a discussão, em reunião do executivo, do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) e alterações no Plano Diretor Municipal (PDM).

Na terça-feira, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, disse estar a aguardar uma resposta da Câmara do Porto sobre o acordo entre a APA e o promotor da estrutura na praia do Ourigo, cuja construção em betão terá de ser demolida.

Também o vice-presidente da APA, José Pimenta Machado, confirmou que "a decisão é para adaptar aquela estrutura e retirá-la do sítio".

Aos vereadores, Rui Moreira voltou hoje a garantir que a APA "mentiu" ao ministro do Ambiente e que é "falso" que na Câmara do Porto exista um processo.

"Não há processo e a APA, como não consegue resolver e não quer resolver aquele problema, porque meteu-se ali numa grande alhada, como sabem, foi dizer ao senhor ministro que o processo estava na câmara. Sabem uma coisa? Não há processo na Câmara Municipal do Porto", assegurou.

Na quarta-feira, o presidente da Câmara do Porto afirmou aos jornalistas que o ministro do Ambiente "foi mal informado" e que tal é consequência da "absoluta incompetência" da APA.

"Mais uma vez, o ministro, com quem tenho excelente relação, foi mal informado", afirmou Rui Moreira, garantindo que "não há nada pendente na Câmara do Porto" e que a informação avançada pelo ministro é uma "consequência da absoluta incompetência da APA" na resolução do caso.

"[A APA] tem andado aqui a tentar empurrar a responsabilidade para outros", salientou, garantindo novamente que "não há nada" na Câmara do Porto.

Em 01 de julho, a APA adiantou à Lusa estar em "conversações" com o promotor que pretendia construir na estrutura de betão da praia do Ourigo um 'Beach Club' para encontrar uma solução "compatível com a defesa do litoral".

Em 27 de outubro de 2021, a APA revelou que tinha iniciado um processo "tendente" à remoção da construção em betão na praia do Ourigo e reiterou que a ordem de demolição se mantinha "válida".

Em causa está a construção de um apoio de praia em betão no Ourigo, que gerou uma onda de contestação e levou várias forças políticas a pedir o embargo da obra. Em 07 de junho, a APA mandou suspender a obra e determinou a demolição do equipamento.

O anterior ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, considerou, em 11 de outubro, "inaceitável" aquela construção sobre o areal, e admitiu que "o Ministério do Ambiente e as suas estruturas administrativas também estiveram mal neste processo".

Reafirmando aquilo que já tinha dito há um ano, o então responsável pela tutela deixou claro que a responsabilidade pela demolição é da APA.

O caso levou à abertura de dois inquéritos à atuação das entidades envolvidas na aprovação da construção em betão, tendo um deles sido conduzido pela Inspeção-Geral do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) que, em junho, adiantou ter arquivado aquele procedimento por considerar que a APA desencadeou procedimentos tendentes à reposição da legalidade.

O documento aponta, contudo, incoerências na atuação da Administração da Região Hidrográfica do Norte (ARHN) e defende que a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), que concessionou o espaço por 20 anos, não o podia ter feito.

Além da IGAMAOT, a APA procedeu à abertura de um inquérito interno, sobre o qual, até ao momento, ainda não foi possível obter informações.

Inicialmente, a APA tinha emitido parecer favorável condicionado à construção daquele apoio de praia, decisão que foi revertida e comunicada ao município do Porto em 27 de maio.

À data, o jornal Público avançava que a mudança de posição da APA "é justificada pela iminência da publicação do POC-CE, um 'elemento novo' que aconselha à não aprovação do projeto em causa, um edifício em ferro, vidro e madeira assente em pilares e numa laje de betão a poucos metros do mar".

Em comunicado, em 31 de maio, o promotor, que pretendia construir um 'Beach Club' na praia do Ourigo, avisava que, "a concretizar-se o referido propósito revogatório, o mesmo constituirá causa de incalculáveis danos materiais e reputacionais que os responsáveis pelo mesmo terão, necessariamente, que suportar".

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