"Sua Santidade, o papa Francisco, descansou bem durante a noite. O quadro clínico melhora progressivamente, e os tratamentos previstos continuam. Esta manhã, depois do pequeno-almoço, leu alguns jornais e voltou ao trabalho", afirmou em um comunicado o porta-voz do pontífice, Matteo Bruni.

As audiências previstas para quinta e sexta-feira do líder da Igreja Católica foram canceladas, sendo que o Vaticano informou que Francisco permanecerá hospitalizado por vários dias para receber tratamento. O Papa está internado desde quarta-feira com uma "infeção respiratória".

"Antes do almoço, foi à capela do apartamento privado, onde se recolheu em oração e recebeu a Eucaristia", relata o comunicado oficial.

O pontífice está no 10º andar do hospital romano, totalmente reservado para os papas e apelidado de "Vaticano 3" pelas sete vezes em que esteve internado João Paulo II, falecido em 2005.

Antes deste comunicado, já tinha sido anunciado que o pontífice argentino passou uma noite "tranquila" e os funcionários que o têm atendido estão "muito otimistas", afirmou nesta quinta-feira a agência italiana de notícias ANSA, que cita fontes médicas.

O anúncio da sua inesperada hospitalização levantou muitas perguntas sobre o estado de saúde do primeiro papa latino-americano da história.

Depois de afirmar que o internamento tinha sido motivado por "exames já programados", o porta-voz do Vaticano anunciou finalmente, após várias horas de silêncio, que o pontífice sofria de uma "infecão respiratória". "Nos últimos dias andava a queixar-se de dificuldades respiratórias e foi submetido a exames médicos durante o dia", afirmou em comunicado o diretor da secretaria de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.

Os exames médicos "mostraram uma infeção respiratória". O diagnóstico de covid-19 foi descartado, mas Francisco precisará de "vários dias de tratamento médico hospitalar adequado", explicou.

Fontes do hospital afirmaram que é possível que o pontífice possa comandar a missa do Domingo de Ramos no Vaticano, "salvo imprevistos".

A missa abre as celebrações da Semana Santa, que tem como ponto máximo o Domingo de Páscoa, a data mais importante do cristianismo. As cerimónias, no entanto, são longas e cansativas para uma pessoa que passou vários dias internado.

Francisco tem uma viagem programada para a Hungria no fim de abril, à cidade de Budapeste, para acompanhar o encerramento de um Encontro Eucarístico Internacional.

A hospitalização surpreendeu a opinião pública, ainda mais porque na quarta-feira Jorge Bergoglio participou de maneira normal da tradicional audiência geral na Praça de São Pedro, durante a qual apareceu sorridente e saudou os fiéis a partir do "papamóvel".

"Papa: O grande medo": a manchete desta quinta-feira do jornal La Stampa descreve momentos dramáticos, depois do pontífice ter revelado "uma forte dor no peito", o que levou os auxiliares a chamar uma ambulância com urgência e decidir pelo internamento imediato.

Francisco, que utiliza uma cadeira de rodas desde maio de 2022 devido a uma artrite num joelho, passou por uma cirurgia no cólon em julho de 2021 no mesmo hospital de Roma, onde permaneceu internado por 10 dias.

O papa já afirmou que a operação deixou "sequelas" devido à anestesia e que, por este motivo, descartou uma intervenção ao joelho.

Os problemas médicos obrigaram-no a cancelar várias audiências em 2022 e a adiar uma viagem a África, o que provocou muitas questões sobre uma possível renúncia.

Em várias entrevistas concedidas nos últimos meses, o papa mencionou a possibilidade de renunciar, assim como fez em 2013 o seu antecessor, Bento XVI, que faleceu em dezembro de 2022.

"É verdade que escrevi a minha renúncia dois meses depois da minha eleição (em março de 2013)... Eu fiz isso para o caso de ter algum problema de saúde que me impeça de exercer o meu ministério", revelou Francisco, embora depois tenha esclarecido que ainda não tinha pensado em renunciar ao cargo.

Em julho do ano passado, confessou que já não podia viajar ao mesmo ritmo de antes e declarou que poderia optar pelo afastamento.  Já no mês passado, voltou a abordar o tema para explicar que a renúncia de um papa "não deve virar uma moda" e destacou que a ideia "não estava na agenda de momento".

O pontífice é atendido com frequência por uma equipa de médicos e enfermeiros, seja no Vaticano ou durante as viagens ao estrangeira,U uma medida mais do que necessária devido à sua idade e ao seu histórico médico, já que aos 21 anos ficou à beira da morte por uma pleurisia e sofreu a retirada parcial de um dos pulmões.

[Notícia atualizada às 12:49]