“Sou da comunidade LGBTQIA+ essas cores para mim agora, infelizmente, representam o fascismo”, diz à Lusa, Rentado Aires, um residente da capital do país, que veio com os seus colegas de turma da Universidade de Brasília.

Todos estão de vermelho, apenas um deles usa uma t-shirt branca, cor pedida pela candidata Simone Tebet, que se aliou na segunda volta a Lula, para atrair o eleitorado mais ao centro e menos ‘petista’.

No “Festival do Futuro”, espaço onde se concentram as grandes celebrações da entrada do novo Presidente do Brasil, houve uma clara intenção de regenerar as cores do Brasil.

O palco principal, uma estrutura gigante ao fundo da Esplanada dos Ministérios, está todo pintado com as cores brasileiras.

Mas, à sua frente, o mar é vermelho e as poucas camisolas amarelas que se vislumbram têm o número 13 nas costas (o número de urna do Lula), ou seja, que foi utilizada pelos apoiantes de Lula durante o Mundial de Futebol 2022, de forma a não serem confundidos com bolsonaristas.

As cores e a bandeira brasileira foram capturadas por Jair Bolsonaro e pelos seus apoiantes durante os últimos quatro anos. Nesta mesma Esplanada dos Ministérios, há poucos meses, no dia 7 de setembro o cenário era totalmente o oposto: milhares de brasileiros, na sua esmagadora maioria apoiantes de Bolsonaro, utilizaram o dia como um comício político.

As cores vestidas por isso foram o verde e amarelo da famosa camisola canarinha.

“Pode ser que daqui a uns meses retorne o verde e amarelo. Mas agora não. Não me sinto preparado”, afirma à Lusa Luiza, uma curitibana de 35 anos a viver em Brasília.

Ainda assim há quem relembre as palavras de Lula da Silva: “A bandeira é nossa”, disse Vanessa, de 27, embrulhada numa bandeira brasileira, repetindo assim a frase do o então candidato presidencial numa tentativa de recuperar um símbolo perdido.

*Por Miguel Mâncio, da Agência Lusa