Munidas com um cartaz com a fotografia de Rui Pinto, Maria Pereira Leite e Maria Machado permaneceram no exterior das instalações do Campus da Justiça e foram acompanhando a par e passo os desenvolvimentos que chegavam dentro da sala de audiência do julgamento presidido pela juíza Margarida Alves, desdobrando-se em declarações em defesa do arguido.
“Aquilo que me traz aqui é o facto de Rui Pinto representar uma nova geração de cidadãos portugueses que lutam pela verdade, pela não corrupção do tecido social, e que se levantam contra a promiscuidade das instituições, nomeadamente, poder político, poder judiciário, grandes empresários e clubes de futebol. É isso que me faz estar aqui: em nome da verdade e do bem comum, que é pelo que Rui Pinto se tem sacrificado para dar aos portugueses”, afirmou à Lusa Maria Pereira Leite.
De acordo com esta investigadora universitária, que revelou já ter estado noutras vigílias de apoio ao criador do Football Leaks (e responsável pela divulgação do caso Luanda Leaks), os meios alegadamente ilícitos utilizados para divulgar documentos confidenciais do mundo do futebol são relegados para segundo plano pela importância das informações expostas.
“Não existe evolução social e luta pelos direitos se não houver ruturas, muitas vezes, um derrube de barreiras. Basta olhar para os ciclos históricos e basta pensar que Portugal teve uma revolução que foi feita, certamente, não de acordo com a ditadura vigente, mas sim quebrando barreiras”, explicou, salientando a existência de “muitas questões de segurança” que se levantam em torno do principal arguido deste julgamento.
Por outro lado, Maria Pereira Leite manifestou a convicção de que este processo poderá levar a que “a nível do ordenamento jurídico português muita coisa seja revista”. Assumindo o cariz quase inédito deste caso em Portugal, a apoiante do criador do Football Leaks vincou que Rui Pinto será “um exemplo sempre pela positiva e não pela negativa”.
Rui Pinto, de 31 anos, vai responder por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, por 14 de violação de correspondência e por seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol e a Procuradoria-Geral da República, e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e o seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.
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