O governo de Israel anunciou que o chefe do seu serviço de inteligência exterior viajará a Doha em busca de um acordo para libertar os reféns detidos pelo Hamas na Faixa de Gaza. Em seguida, o movimento palestiniano informou aos mediadores egípcios que está disposto a parar os combates no território se Israel comprometer-se com um cessar-fogo, informou à AFP uma autoridade do grupo.

"Israel deve comprometer-se com um cessar-fogo, a retirada da Faixa de Gaza, permitir o retorno dos deslocados, aceitar um acordo sério de troca de prisioneiros e permitir a entrada de ajuda humanitária no território", disse a fonte.

A morte de Sinwar durante uma operação israelita em Rafah no último dia 16 reacendeu a esperança de que as conversas para um cessar-fogo fossem retomadas.

Os mediadores Catar, Estados Unidos e Egito reataram "o contato" com o Hamas após a morte de Sinwar, indicou o primeiro-ministro catari, Mohammed bin Abdelrahmane Al Thani.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, afirmou que Washington está a considerar "diferentes opções" para pôr fim à guerra em Gaza.

O Departamento de Estado anunciou também que Blinken reunir-se-á esta sexta-feira em Londres com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, para discutir a ofensiva israelita contra o Hezbollah no país.

A principal associação de familiares de reféns mantidos na Faixa de Gaza pediu hoje ao primeiro-ministro israelita que chegue a um acordo com o Hamas para libertar os sequestrados.

O chefe da ONU, Antonio Guterres, pediu um cessar-fogo urgente e a libertação dos reféns, e alertou que “a situação humanitária no norte da Faixa de Gaza é a pior" desde o começo do conflito.

No começo do mês, Israel intensificou as suas operações na Faixa de Gaza, principalmente com uma nova ofensiva no norte daquele território. "Há mais de 770 mortos desde o início da operação militar, e ainda há vítimas sob os escombros e nas ruas", disse à AFP o porta-voz da Defesa Civil da Faixa de Gaza, Mahmud Basal.

O território palestiniano, governado pelo Hamas desde 2007, é palco há um ano de um conflito que já deixou 42.847 mortos, na sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.

O conflito eclodiu em 7 de outubro de 2023, quando milicianos islamistas mataram 1.206 pessoas, na sua maioria civis, e sequestraram 251, no sul de Israel, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelitas que inclui os reféns mortos em cativeiro em Gaza.

Dos 251 reféns, 97 permanecem cativos, embora 34 deles tenham sido declarados mortos pelo Exército. Em novembro de 2023, uma trégua de uma semana permitiu a libertação de 105 reféns em troca de 240 palestinianos aprisionados em Israel.

Novos bombardeamentos no Líbano

Paralelamente, Israel prosseguia com a sua ofensiva contra o Líbano. A imprensa estatal libanesa relatou nesta sexta-feira a morte de três jornalistas num ataque aéreo ocorrido durante a noite no leste daquele país.

“O nosso correspondente em Zahle reportou a morte de três jornalistas num ataque israelita a Hasbaya”, informou a Agência Nacional de Notícias do Líbano. “Aviões de combate israelitas atacaram às 3h30 locais a fronteira entre o Líbano e a Síria."

Bombardeamentos de Israel também mataram nesta quinta-feira 12 pessoas, entre elas três crianças, em dois vilarejos do leste, segundo o Ministério da Saúde libanês. Durante a noite, houve ataques, ainda, contra o subúrbio no sul de Beirute, um reduto do Hezbollah, após uma chamada de evacuação emitida pelo Exército israelita.

A AFPTV registou colunas de fumo naquele setor e jornalistas da agência ouviram duas explosões. "A aviação militar inimiga efetuou dois bombardeamentos no setor de Haret Hreik", no sul da capital, informou a agência de notícias oficial libanesa NNA.

A ofensiva israelita contra o Hezbollah inclui operações terrestres no sul do Líbano, onde cinco soldados morreram em combate, informou hoje o Exército de Israel.

Desde o início da ofensiva terrestre, em 30 de setembro, 27 soldados israelitas perderam a vida no Líbano, de acordo com um balanço estabelecido pela AFP.

Israel intensificou os bombardeamentos contra posições do Hezbollah no Líbano em 23 de setembro e, uma semana depois, iniciou uma ofensiva terrestre no sul do país.

O objetivo declarado dessas operações é permitir o retorno de 60.000 habitantes do norte de Israel forçados a partir pelos constantes disparos de foguetes do sul do Líbano no último ano.

Segundo um levantamento baseado em dados oficiais, ao menos 1.552 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro. E a ONU já contabiliza quase 800.000 deslocados no país.

Embora esteja enfraquecido, o Hezbollah continua a lançar rockets contra o norte de Israel. O grupo xiita anunciou ter feito disparos contra uma base militar perto de Haifa e contra a cidade de Safed.