“Após levantamento no terreno, das necessidades das populações”, o município de Arganil constatou que “há alguns bens necessários não listados” em comunicações anteriores, indicando que está a aceitar, no seu Centro de Recolha de Bens para as vítimas dos Incêndios, fruta, legumes e pomadas para queimaduras.
O centro de receção de bens funciona no centro multiusos, na Cerâmica Arganilense, naquela vila, entre as 09:00 e as 20:00 (ao domingo encerra às 13:00), adianta a autarquia, num apelo divulgado hoje.
Há outro ponto de recolha, para além dos referidos, de bens como alimentos não perecíveis ou lençóis, cobertores, mantas e produtos de higiene, na zona do Porto, em Valadares (Rua Manuel Moreira da Costa Júnior, nº 4 1º BA), aberto entre as 09:00 e as 19:00, refere a Câmara.
Em Lisboa, também funciona um centro com os mesmos objetivos, criado pela Casa da Comarca de Arganil, “casa mãe do regionalismo arganilense” na capital, que, “solidária com [as vítimas de] toda a tragédia que se abateu” sobre o concelho, se associa à campanha da Câmara de Arganil.
O ponto de recolha em Lisboa funciona na Casa da Comarca de Arganil (Rua da Fé), entre 23 e 27 de outubro das 09:00 às 20:00.
A Câmara de Arganil disponibiliza, por outro lado, os balneários da piscina municipal da vila “às vítimas dos incêndios que, por falta de água e/ou luz em casa, ou outra situação de necessidade, não possam fazer a sua higiene condignamente”.
Na quinta-feira, o município apelou, entretanto, ao “uso racional de água” nas povoações onde o abastecimento não foi afetado pelos incêndios ou já tenha sido restabelecido.
“Há ainda algumas populações sem abastecimento de água, devido à falta de energia”, salientou, então, a Câmara de Arganil.
O concelho perdeu 92% da floresta nos incêndios de domingo e da semana anterior, disse à agência Lusa, na quarta-feira, o presidente da Câmara de Arganil, Ricardo Alves.
Nos dois fogos, de grande dimensão, arderam 25 mil dos 27 mil hectares de área florestada do município, explicitou Ricardo Alves, referindo que o território queimado equivale a três quartos da área total do município, que é de 33 mil hectares.
Cerca de 70% a 80% da Mata Nacional da Margaraça, classificada como Reserva Biogenética do Conselho da Europa, ardeu também no incêndio de domingo, estimou ainda o autarca.
A Margaraça era uma floresta caducifólia, composta, nomeadamente, por carvalhos, castanheiros, azevinhos, loureiros e freixos, registando-se ainda algumas espécies de orquídeas no seio desta mata nacional.
Grande parte dos "principais pontos turísticos do concelho arderam" ou ficaram afetados com as chamas, como foi o caso da Fraga da Pena, situada em paisagem protegida da Serra do Açor, que tem uma queda de água de 19 metros, salientou Ricardo Alves.
“A parte cimeira da fraga ardeu", disse ainda, sublinhando que "todas as praias fluviais" do concelho de Arganil foram afetadas, a aldeia de xisto de Benfeita tem tudo "ardido à volta" e na também aldeia de xisto de Vila Cova de Alva arderam "casas no coração" da localidade. A exceção é a aldeia histórica do Piódão, observou.
Mas pior ainda foi “a perda de três vidas humanas”, nos fogos de domingo e segunda-feira, destacou Ricardo Alves.
Os incêndios florestais que deflagraram no domingo em várias zonas do país provocaram 43 mortos, segundo o balanço feito, na quinta-feira, pela Autoridade Nacional de Proteção Civil.
Comentários