A Argentina iniciou hoje conversações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para obter "uma linha de apoio financeiro", anunciou hoje o presidente Mauricio Macri, com o peso argentino a cair 5% numa semana.
"Durante os dois primeiros anos [de mandato], tivemos um contexto internacional muito favorável, mas o contexto está a mudar. Estamos entre os países do mundo que dependem mais do financiamento externo", declarou o presidente, numa intervenção na televisão.
Mauricio Macri, no poder desde finais de 2015, indicou que já teve uma primeira conversa com a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, mas não referiu qual o montante de crédito solicitado pela Argentina junto da organização internacional.
O facto é que o histórico da Argentina relativamente aos seus credores não é pacífico. O país foi um 'pária' dos mercados financeiros globais entre 2001 e 2016 por se recusar pagar aos seus credores.
A situação mudou na sequência da eleição de Mauricio Macri, que sucedeu no cargo a Cristina Fernández Kirchner, que ocupou a Presidência durante oito anos.
No ano seguinte, o seu governo reiniciou em Nova Iorque as conversações com os representantes dos fundos especulativos que recusaram a reestruturação da dívida do país.
Ainda em 2016, e ao fim de semanas de negociações, a Argentina conseguiu chegar a acordo com quatro fundos de investimento (incluindo o NML e o Aurelius), que resistiam, mas acabaram por aceitar um 'desconto' de 25%.
Este acordo permitiu também à Argentina retomar os pagamentos aos outros credores que aceitaram perder 70% do valor das obrigações que detinham nas reestruturações de dívida de 2005 e 2010.
A Argentina ficou 'excluída', ou seja, sem acesso ao mercado global de capitais, desde o seu incumprimento financeiro de 2001 avaliado em quase 100 mil milhões de dólares, o maior da história na altura.
A administração de Macri qualificou o acordo de 2016 como amargo mas como um remédio necessário para acabar com o estatuto de pária que o país tem nos mercados internacionais de capitais.
O peso argentino registou uma descida acentuada face ao dólar na semana passada, o que obrigou o banco central a subir a sua taxa diretora para 40%, o nível mais elevado no mundo.
O país está também confrontado com uma inflação elevada, que atingiu 24,8% em 2017.
[Notícia atualizada às 18:21]
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