"Creio que esta era uma situação inevitável que teria que ser reconhecida, muito embora nós continuemos a pensar que as agências de 'rating' não funcionam de acordo com as perspetivas reais de desenvolvimento dos países, mas pelo contrário, continuam a funcionar de acordo com objetivos especulativos e outros que lhes estão associados", afirmou à Lusa o dirigente sindical.
"Na nossa opinião, mais importante do que este reconhecimento desta agência internacional é a necessidade de colocar a economia ao serviço dos trabalhadores, do povo e do desenvolvimento do país", sublinhou.
Na sua opinião, "o Orçamento do Estado não pode deixar de olhar para as pessoas, para os trabalhadores e para as populações. E, acima de tudo, melhorar a qualidade dos serviços públicos e também as perspetivas de desenvolvimento do país de uma forma sustentada, contrariando esta linha que se vem acentuando ao longo dos anos de desertificação e de assimetrias do interior relativamente ao litoral".
E reforçou: "Somos todos portugueses e todos temos que ser tratados como tal. Portanto, é preciso dar maior coesão económica, social e também territorial ao país".
Questionado sobre quem é que tem mais mérito na recuperação económica que permitiu a melhoria do 'rating' de Portugal, se o executivo socialista ou o anterior Governo PSD/CDS, Arménio Carlos preferiu apontar para o esforço dos trabalhadores.
"O grande mérito da evolução da situação económica em Portugal é dos trabalhadores e do povo português. Porque foram eles os grandes sacrificados ao longo dos últimos anos e foram eles que ao longo de todo este tempo com o seu trabalho, com a sua dedicação e com o seu sentido de dever para com o país construíram, numa situação muito difícil, as soluções para que se pudesse neste momento ter um crescimento económico que é do conhecimento de todos", assinalou.
"Agora, isso só por si não chega. É preciso que o crescimento económico esteja associado ao desenvolvimento económico. E que esta riqueza que está a ser criada seja mais bem distribuída", destacou o líder da CGTP, apelando a um "aumento geral dos salários, mas também a melhoria das pensões de reforma e de outros apoios, nomeadamente, aos desempregados".
A Standard & Poor's (S&P) decidiu rever em alta o 'rating' atribuído à dívida soberana portuguesa de 'BB+', a nota mais elevada de não investimento, para 'BBB-', a mais baixa de investimento, dispensando o passo intermédio habitual de subir a perspetiva, de 'estável' para 'positiva' antes de o fazer.
As previsões da economia a crescer 2% em média até 2020, um défice de 1,5% este ano e menos riscos no acesso ao financiamento levaram a agência de notação financeira S&P a tirar Portugal do 'lixo', uma decisão que foi anunciada na sexta-feira.
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