Ao longo de quase um mês de trabalhos, foram descobertos, em quatro estações arqueológicas, ocupação humana que remonta ao período alto medieval (séculos V e VI d.C.), onde é possível ver o que resta de quatro edifícios, uma calçada, um possível lagar, uma lareira e um conjunto de artefactos em bronze, moedas e muita cerâmica.
"Fazemos um balanço muito positivo destas sondagens arqueológicas, não só pela quantidade de material encontrado, mas também pela beleza das peças encontradas, que apontam para a monumentalidade do sítio arqueológico, que se encontra em estudo", disse à Lusa a arqueóloga Mónica Salgado.
Por entre pequenos montes e giestas e outros arbustos da flora autóctone do Parque Natural do Douro Internacional, a equipa de arqueólogos e um conjunto de voluntários de diversas nacionalidades tentam perceber a importância histórica e arqueológica de um sítio que foi classificado em 1910 como monumento nacional.
"Todo o material vai ficar guardado num sítio apropriado, para ser estudado, catalogado, inventariado e limpo para se poder fazer um interpretação rigorosa do conjunto braquilógico", frisou a técnica.
Este projeto vai já no seu segundo ano, de um conjunto de quatro, e os próximos dois anos serão reservados para a abertura de mais sondagens e para o início do processo de musealização de todos os achados, que, ao que tudo indica, ficarão em Aldeia Nova, a localidade mais próxima deste castro situado no distrito de Bragança.
"Pretendemos criar um museu, onde possa ficar exposto todo o espólio encontrado e deixar no local, e à vista de todos, algumas da construções descobertas", indicou Mónica Salgado.
Contudo, os arqueólogos frisam que as escavações realizadas no ano passado permitiram perceber que "o castro teve uma ocupação humana descontinuada, desde a Pré-História (Idade do Bronze) até ao século I, já no Império Romano, e depois da queda deste até ao século VII".
Já o arqueólogo Pedro Pereira, da Universidade do Porto, refere que é preciso escavar mais para melhor compreender este sítio arqueológico que pode ir desde a Idade do Bronze até ao período alto medieval.
"Temos locais que estão associados ao depósito de matérias-primas devido aos espaços colocados a descoberto tais como um celeiro ou um lagar", especificou.
O arqueólogo destacou o "pouco conhecimento" que há sobre estas ocupações antigas nas Arribas do Douro, nomeadamente em comparação com o que se passa em Espanha, onde existem castros idênticos, entre os 20 e os 30 quilómetros de distância, que estão estudados e dos quais se conhece mais.
Estefânia Perez, uma das voluntárias vindas de Espanha mostrou-se encantada com experiência e com o potencial histórico e natural da área protegida do Douro Internacional.
"Deram-me a oportunidade de, pela primeira vez, trabalhar na minha profissão e por esse motivo estou muito satisfeita", disse.
Nas escavações particionaram voluntários provenientes de Espanha, Rússia, Polónia, Ucrânia, Itália, França e Irão.
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