O responsável falava na cerimónia de inauguração da Academia do Arsenal, na Base Naval de Lisboa, em Almada, projeto financiado em dois milhões de euros pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que será também sede de um dos nove aceleradores do DIANA, a rede de inovação da NATO.
Perante a ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, José Luís Serra reconheceu que a empresa tem dificuldade em atrair recursos humanos e em retê-los, apontou para “instalações e equipamentos com muitos anos, com problemas, quer de natureza funcional, quer alguns ao nível da segurança”, e avisou que o estaleiro não pode ter apenas “um meio de alagem” [para reboque de embarcações] para operar um navio “de fio a pavio”.
O responsável apelou ainda à elaboração de um “plano estratégico” que permita que a Marinha fique com operações de emergência, de menos intensidade e de menos tempo, e que o Arsenal fique com “as intervenções chamadas planeadas”.
José Luís Serra lembrou os graves problemas financeiros que a empresa já atravessou, realçando, contudo, que em 2022, após seis anos consecutivos de prejuízos, o arsenal fechou o ano com resultados líquidos positivos.
Por seu turno, a ministra da Defesa comprometeu-se com "a capacitação" dos estaleiros do Alfeite.
“O Governo mantém o seu compromisso na capacitação da Arsenal do Alfeite e uma das provas é a que nos reúne hoje – a criação da Academia – um investimento fundamental para o reforço, modernização e valorização da Arsenal do Alfeite”, garantiu Helena Carreiras.
Em declarações aos jornalistas, a ministra da Defesa considerou que “a Academia da Arsenal é um projeto fundamental para a economia de Defesa” e explicou que uma das vantagens desta instituição é o facto de não ser concorrencial com as universidades, uma vez que os jovens podem ingressar neste espaço para completar a sua formação, com uma “clara associação do conhecimento teórico e prático”.
Numa cerimónia na qual também participou a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, Helena Carreiras considerou que “o caminho traçado na reestruturação do setor empresarial do Estado começa a produzir os seus efeitos, sendo visível hoje na Arsenal do Alfeite, uma empresa fundamental para Marinha Portuguesa realizar as operações de manutenção dos seus meios, garantindo a operacionalidade da respetiva esquadra e a vida útil dos seus navios”.
“Aliás, a disponibilidade quase exclusiva de um estaleiro naval para a manutenção da sua frota é precisamente um dos maiores ativos da Marinha”, salientou.
A ministra defendeu a criação de instrumentos que tornem “mais ágil e mais eficaz a gestão” da empresa e adiantou que está a ser articulado “entre tutelas” um plano de investimentos para o arsenal.
A inauguração decorreu hoje mas a academia já está em funcionamento: este ano foram lecionadas 42 formações e estão previstas mais 14 até ao final do ano, em áreas que vão desde gestão projeto, desenho técnico, ensaios laboratoriais, eletrónica, robótica, entre outras.
O projeto foi lançado em 2021 através de um memorando entre a idD Portugal Defence, o Consórcio das Escolas de Engenharia e a Associação das Indústrias Navais.
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