A história remota a meados de janeiro, altura em que um grupo de funcionários do metro de Berlim descobriu um quarto num dos túneis abandonados.

E não era um quarto qualquer apenas para servir de tecto a um sem abrigo. Tinha papel de parede, um poster de Matisse e um retrato pequeno de Virgem Maria. Um sofá pequeno de couro e uma cama de solteiro com lençóis azul elétrico. No tecto, um candeeiro em papel de arroz. No chão, um romance do Star Wars e um catálogo de instrumentos africanos de corda. Havia ainda uma palmeira decorativa a dar mais vida àquele lugar subterrâneo.

Quando os trabalhadores depararam-se com este quarto julgaram tratar-se de um cenário abandonado de um filme, segundo o The Guardian. No entanto, nos registos não havia nenhum pedido para gravar naquela área. Logo aquela mobília não pertencia a um filme.

Entretanto, o papel de parede, móveis e livros foram considerados um risco para incêndios e foram rapidamente removidos.

A história chegou aos media um mês depois. Em fevereiro, os maiores jornais de Berlim receberam fotografias bem iluminadas do quarto de alguém que se identificou como trabalhador ferroviário. Contudo, o BVG, empresa de transportes de Berlim, desmentiu, afirmando que a sua equipa não teve nada a ver com o ação.
 
Em março, num tunél na estação Yorckstrasse, surgiu num novo quarto mistério agora com um jardim na frente e um gnomo.  

Os dois quartos acabaram por deixar os berlinenses curiosos. Que artista poderá estar por trás dos quartos e qual poderá ser o seu significado?

Sem grandes pistas, a população apoia-se ao anúncio publicado no Airbnb, que entretanto já foi removido. De acordo com o The Guardian, o anúncio fazia uma crítica à gentrificação rápida da capital alemã.

Já o arquiteto Nikolaus Bernau, que falou ao jornal Berliner Zeitung, acredita que os livros podem ser uma referência à crise dos refugiados, uma vez que no romance da Guerra Estrelas existe uma batalha e as cordas africanas podem ser uma referência à origem dos refugiados. Outro escritor ainda notou que o catálogo foi publicado em 1984  que poderá ser uma referência ao livro de George Orweel sobre  o fim da privacidade através da vigilância estatal.

O artista poderá ter permanecido em anónimo devido às consequências. De acordo com a BVG, o responsável pelo quartos no metro terá de pagar no mínimo uma multa por transgressão.