“Chico Buarque é um músico, mas muito particular. A sua música tem mensagem, tem poesia. Não é um cantor vulgar”, disse à agência Lusa, por quem soube da atribuição do Prémio Camões ao músico e escritor brasileiro, hoje conhecida.
Germano Almeida conhece as músicas de Chico Buarque e leu vários dos seus livros.
Sobre a particularidade de Chico Buarque ser cantor, como aconteceu com Bob Dylan, Prémio Nobel da Literatura em 2016, o escritor cabo-verdiano reconheceu que poderá ser um sinal dos tempos.
“Tudo está relacionado. Não há uma grande diferença nas diferentes formas de expressão. Romance, poesia e música contribuem para o mesmo: desenvolvimento da humanidade, maior alerta das situações”.
E nestas áreas, referiu, “a música de Chico Buarque é particularmente boa”.
Sobre o “fardo” de um galardão como o Prémio Camões, Germano Almeida disse que este é “uma honra”, mas que não muda as pessoas.
“Temos mais trabalho, somos mais solicitados, mas perante nós próprios acho que não sofremos qualquer mudança”, disse.
Chico Buarque fora já distinguido duas vezes com o prémio Jabuti, o mais importante prémio literário no Brasil, pelo romance "Leite Derramado", em 2010, obra com que também venceu o antigo Prémio Portugal Telecom de Literatura, e por "Budapeste", em 2006.
O músico e escritor foi escolhido pelos jurados Clara Rowland e Manuel Frias Martins, indicados pelo Ministério português da Cultura, pelos brasileiros Antonio Cícero Correia Lima e António Carlos Hohlfeldt, pela professora angolana Ana Paula Tavares e pelo professor moçambicano Nataniel Ngomane.
Escritor, compositor e cantor, Francisco Buarque de Holanda nasceu em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro.
Estreou-se como romancista com "Estorvo", publicado em 1991, a que se seguiram "Benjamim", "Budapeste", "Leite Derramado" e "O Irmão Alemão", publicado em 2014.
Em 2017, venceu em França o prémio Roger Caillois pelo conjunto da obra literária.
O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, com o objetivo de distinguir um autor "cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum".
Foi atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga. Em 2018 o prémio distinguiu o escritor cabo-verdiano Germano Almeida, autor de "A ilha fantástica", "Os dois irmãos" e "O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo", entre outras obras.
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