As cheias criaram uma fenda que se estende por vários quilómetros perto da cidade de Mai Mahiu, no Rift Valley (Vale da Fenda), rasgando uma estrada e vários terrenos agrícolas.

Segundo o The Quartz, alguns cientistas apontam os tremores sísmicos como a causa da divisão do continente. Contudo, Stephen Hicks, professor na Rockford University, diz, na sua conta de Twitter, que é errado estabelecer uma relação direta entre a atividade sísmica e a fenda na estrada.

Por outro lado, alguns cientistas consideram que ao invés de ser causada pela atividade sísmica, esta falha forma-se através de “tubulações”, uma atividade geológica que ocorre quando as chuvas fortes fazem com que as camadas mais macias do subsolo fiquem sob pressão.

Independentemente das causas, as chuvas fortes evidenciaram uma questão que nada tem de novo. A fenda aconteceu precisamente na East African Rift System (EARS), o lugar onde as placas tectónicas se estão separar e que se estende por cerca de 3 mil quilómetros, desde a zona norte do Golfo de Áden até ao sul de Moçambique. O EARS é a fissura em desenvolvimento que vai separar o continente africano nas próximas dezenas de milhares de anos.

créditos: Wikipédia

A litosfera da Terra é dividida em várias placas tectónicas, que não são estáticas. As placas não só se podem mover em velocidades variadas como podem “romper”, fazendo que exista uma fenda e levando à possível criação de novos limites de placa. A East African Rift System é um exemplo de como isto pode acontecer.

Os geólogos já atribuíram nomes às placas. Após a divisão, a maior parte de África fica na a placa núbia, enquanto a placa menor é chamada de Placa da Somália (nesta ficará parte do Quénia, Etiópia e Tanzânia).

Esta não é a primeira vez que se abrem fendas no solo africano. Já tinham sido registadas divisões no triângulo de Afar, que atravessa a Etiópia, Eritreia e Djibuti. O processo da divisão foi o mesmo que levou ao desmembramento da África e da América do Sul há cerca de 138 milhões de anos.

Tal como o The Quartz aponta, só porque não conseguimos ver a fenda na sua totalidade, não quer dizer que o continente africano não se esteja a dividir a um ritmo leonino. “Os eventos dramáticos, como falhas repentinas que dividem autoestradas ou grandes terramotos, podem causar uma sensação de urgência, mas, na maioria das vezes, a divisão de África acontece sem que ninguém perceba”, diz Lucia Perez Dias, investigadora na Universidade de Londres.

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