Uma Kamala Harris visivelmente feliz subiu ao palco em Willmington, no Delaware, ao som de Mary J Blige e as primeiras palavras foram sobre a democracia na América e de agradecimento a todos os que votaram.

“A democracia da América não está garantida, é tão forte como a nossa vontade de lutar por ela, de a guardar e de não a tomar por garantida”, afirmou.

“Vocês votaram e deixaram uma mensagem clara: escolheram a esperança, unidade, decência, a ciência e a verdade”.

As palavras que se seguiram foram para Joe Biden, que descreveu como alguém capaz de sarar as feridas, e a quem elogiou a audácia de “quebrar uma das barreiras mais substanciais do nosso país e escolher uma mulher como sua vice-presidente”.

Harris dirigiu-se também às crianças dos Estados Unidos, independentemente do género: "Sonhem com ambição, liderem com convicção e atrevam-se a olharem para vós próprios de uma forma como os outros nunca vos viram, simplesmente porque nunca o viram antes".

“Posso ser a primeira mulher neste cargo, não serei a última”, afirmou Kamala Harris.

A rematar, a senadora agora eleita vice-presidente dirigiu de novo as suas palavras a Joe Biden, afirmando que "elegemos um presidente que representa o melhor de nós".

"Tentarei ser a vice-Presidente que Joe Biden foi para o Presidente [Barack] Obama: leal, honesta e preparada, e acordar todos os dias a pensar em vós e nas vossas famílias", garantiu.

Joe Biden subiu ao palco minutos depois, igualmente bem-disposto, ao som de "Glory Days" de Bruce Springsteen, e falou de uma fé renovada no amanhã, em dias melhores e em tornar a América respeitada no mundo novamente.

As primeiras palavras foram para a família, começando pela mulher: "sou o marido de Jill", disse o presidente eleito, "e não estaria aqui sem o amor dela".

Depois, Biden falou da América que não quer ver: não quer ouvir falar, disse, de uma América "onde não é possível".

Prometeu ser um chefe de Estado “que não procura dividir, mas sim unir, que não vê estados vermelhos ou azuis, mas apenas os Estados Unidos”.

O presidente eleito recordou que venceu estas eleições com a maior votação de sempre - 74 milhões de votos - e proferiu palavras de reconciliação nacional. "É tempo de colocar de lado a retórica agressiva, baixar a temperatura, vermo-nos uns aos outros outra vez, ouvirmo-nos uns aos outros outra vez, e progredir, temos de deixar de tratar os nossos oponentes como inimigos. Não são nossos inimigos. São Americanos".

O discurso não esqueceu os apoiantes de Donald Trump. "Agora para todos os que votaram no Presidente Trump: eu entendo o vosso desapontamento esta noite. Também já perdi algumas vezes, mas agora vamos dar uma oportunidade uns aos outros".

Sublinhando que a sua primeira tarefa será controlar a pandemia do novo coronavírus, Biden disse que essa é a única forma de voltar a uma vida normal e anunciou a criação de um grupo de cientistas de topo e especialistas para ajudarem a definir o plano de ação que entrará em vigor em 20 de janeiro, quando tomar posse.

Católico assumido, Joe Biden recordou que "a Bíblia diz-nos que há um tempo para tudo, um tempo para colher, um tempo para semear e um tempo para curar. É tempo de curar na América".

"A nossa nação é moldada pela batalha constante entre os nossos melhores anjos e os nossos impulsos mais negros. E o que o presidente diz nesta batalha importa, É tempo de os nossos melhores anjos prevalecerem", afirmou. "Temos de restaurar a alma da América".

A música deu o timbre às duas intervenções da noite, e Joe Biden não deixou de o assinalar. O fogo-de-artifício que desenhou o nome de Biden na noite de Willmington aconteceu ao som de “Sky Full of Stars” dos Coldplay, uma das bandas favoritas de Beau Biden, o filho que Joe Biden perdeu em 2015, e que já tinha sido a música que acompanhou a nomeação do agora presidente eleito pelo Partido Democrata.

No final do discurso, Joe Biden recordou o filho Beau referindo-se ao hino “On Eagle’s Wings”, que afirmou tê-lo inspirado nos últimos dias da campanha.

Os discursos podem ser vistos na íntegra aqui.