O presidente da associação disse à Lusa que nos primeiros seis meses de 2018 foram recebidos 75 pedidos de ajuda, contra as 74 pessoas que recorreram à “Quebrar o Silêncio” em todo o ano de 2017.
“Representa o investimento que temos feito na visibilidade e demonstra o quão a associação começa a ser reconhecida como entidade que dá apoio a homens vítimas de abuso sexual”, adiantou Ângelo Rodrigues.
Dados da associação mostram que a maior parte dos 75 pedidos de apoio (65%) são referentes a homens sobreviventes de abuso sexual, mas há também pedidos feitos por familiares, amigos ou ainda mulheres de vítimas, já que “o abuso sexual afeta pessoas amigas e familiares, mesmo que indiretamente”.
Ângelo Rodrigues defendeu que falta quebrar preconceitos e “trabalhar a consciência da população em geral sobre esta realidade”.
“Quando vamos às escolas, aos encontros, as pessoas ficam muito surpreendidas quando sabem que um em cada seis homens é vítima de abuso sexual. São números que as pessoas não estão à espera porque anda existe esta ideia de que só as mulheres podem ser vítimas de abuso sexual”, apontou.
Segundo Ângelo Rodrigues, continua a existir uma certa ideia de “papel tradicional de masculinidade”, que leva à construção de estereótipos como o de que os homens nunca podem ser vítimas de abuso sexual, e que demonstra a necessidade de continuar a desconstruir essa masculinidade.
O presidente da “Quebrar o Silêncio” adiantou, no entanto, que “os homens já começam a ser mais confiantes” em recorrer à associação, isto apesar de ainda ser “muito difícil” denunciar o crime.
“Se para as mulheres é difícil, para os homens é muito mais”, rematou.
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