O presidente da APABI, João Pereira, considerou ser prematuro apontar para números, uma vez que as temperaturas elevadas podem acelerar doenças e pragas, como a mosca ou a gafa.

“Eu diria que teremos mais azeitona do que no ano passado. Em termos de quantidade, a previsão que nós temos é de um ano médio”, adiantou João Pereira, em declarações à agência Lusa.

Segundo o responsável, este é um ano estável, mas a combinação das temperaturas que se têm registado e da humidade é propícia ao aparecimento de pragas e, por isso, muitos lagares, especialmente no sul da Beira Interior, estão a antecipar a entrega da azeitona, para evitar os danos.

“O que nós estamos a fazer nos lagares de azeite é a antecipar a sua abertura, para evitar que haja grandes danos com a mosca. Queremos que a azeitona venha sã para os lagares”, referiu João Pereira.

De acordo com o presidente da APABI, com sede em Castelo Branco, antecipar a campanha é uma forma de aumentar a probabilidade de a azeitona dar entrada nos lagares “isenta de praga, isenta de doenças”, sem que haja “uma grande evolução da praga, neste caso da mosca da azeitona”.

João Pereira adiantou que alguns lagares já estão a laborar e que outros vão abrir até ao início de novembro para as oliveiras poderem ser colhidas “o mais cedo possível”.

O presidente da entidade que representa cerca de 50 lagares nos distritos de Castelo Branco e da Guarda salientou que os olivais da região são na esmagadora maioria de sequeiro, “é um olival tradicional, dependente da mãe natureza”, face aos poucos olivais “mais empresariais, com tratamentos e com rega”.

O responsável considerou muito prematuro fazer uma previsão quando não se controlam os fatores, como a água.

“Os últimos quatro, cinco anos, foram anos de seca severa e sentimos que as oliveiras ainda se estão a ressentir deste jejum muito elevado de água. Felizmente, este ano foi um ano mais chuvoso e esperemos que haja maior quantidade de azeitona face àquilo que se passou nos últimos anos, que foram anos de muito pouca produção”, antecipou João Pereira.

O presidente da APABI frisou que só depois de os lagares começarem a receber a azeitona e a associação ter a indicação desse volume é que poderá apresentar um número mais estabilizado da produção.

Na Beira Interior a campanha pode ir até ao final de dezembro e, nos locais mais frios, como é o caso da zona mais a norte, “pode entrar pelo mês de janeiro”.

Depois de a produção de 2023 ter sido “o ano zero”, a APABI quer este ano arrancar com o “ano um” de comercialização da azeitona galega de mesa da Beira Baixa, produto certificado com indicação geográfica protegida.

A intenção é tentar aumentar a receita dos produtores, com um produto mais bem remunerado, e contribuir para preservar e variedade.

A separação da azeitona galega para conserva implica maior cuidado na colheita, para poder ter boa apresentação à mesa.