David Thomas, presidente da Safe Communities Portugal, explicou à Agência Lusa que a associação que dirige “trabalha com os serviços de emergência, a Proteção Civil, a GNR e forças de segurança” portuguesas e, durante a semana em que o incêndio esteve ativo, permaneceu em estreito contacto com a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e com o presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), João Fernandes.
O presidente da associação, que apoia a comunidade estrangeira em Portugal, recordou que, dois dias antes do fogo deflagrar, a 3 agosto, “foi transmitido um alerta relativamente às temperaturas muito elevadas que eram previstas para esse período e para o risco extremo de incêndio”, assim como com “conselhos para as pessoas saberem o que fazer para se protegerem”.
As informações estiveram sempre disponíveis em inglês no Facebook e na página da internet da Safe Communities Portugal, mas também nas informações disponibilizadas pela ANPC, destacou David Thomas, lembrando que foram feitos “alertas adicionais aos turistas para estarem preparados para as temperaturas muito elevadas e fazer tudo para se autoprotegerem no caso de haver um incêndio”.
“Oitenta mil pessoas tiveram acesso a essa informação, que foi muito útil para as pessoas que estavam aqui de férias no Algarve ou que planeavam vir para cá”, destacou.
Durante o fogo, a associação esteve em “ligação muito próxima” com o presidente da RTA, João Fernandes, e também com a ANPC, para procurar, na medida do possível, “manter as pessoas atualizadas sobre o evoluir do incêndio e, mais importante ainda, para dar informação útil durante esse período”.
“No que respeita aos conselhos dados antes e durante o fogo, foram de vital importância, porque as pessoas ficaram logo alerta e puderam tomar medidas preventivas”, afirmou.
David Thomas reconheceu que, “durante o incêndio, é sempre difícil dar informação a toda a hora porque a situação pode alterar-se rapidamente, mas mostrou-se “satisfeito” por ter sido disponibilizada “informação rigorosa por parte do Governo” e por ter “conseguido atualizar a informação para a comunidade estrangeira e os turistas” e pelos “conselhos de autoproteção terem sido dados atempadamente”.
“Isso foi muito importante. Estive na polícia e lidei com situações de crise noutros países e há sempre pontos que se podem melhorar, mas quero deixar uma coisa muito, muito clara: este foi um incêndio muito complicado, com vento forte e mudanças de direção, humidade abaixo dos 10%, temperaturas no chão superiores a 40 graus e o fogo chegou a progredir a 2 quilómetros por hora. O importante é que as pessoas foram retiradas das suas casas a tempo e, por isso, não houve vítimas mortais”, enalteceu.
David Thomas disse que se tratou de “uma boa estratégia, uma boa prioridade” das autoridades, porque “as vidas estão primeiro”, disse.
“É claro que houve pessoas que não gostaram e ficaram muito chateadas por ter sido retiradas das suas casas, mas no final do dia o que é que conta mais: a tua vida ou a tua propriedade?”, questionou.
O incêndio rural, que foi combatido por mais de mil operacionais e considerado dominado na manhã de dia 10 de agosto, atingiu também o concelho vizinho de Silves, depois de ter afetado, com menor impacto, os municípios de Portimão (no mesmo distrito) e de Odemira (distrito de Beja).
Segundo o município de Monchique, arderam cerca de 16.700 hectares no concelho. A presidente da Câmara de Silves estimou hoje em cerca de 10 mil hectares a área ardida no concelho.
Quarenta e uma pessoas ficaram feridas, uma das quais com gravidade (uma idosa que se mantém internada em Lisboa).
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