A Comissão Europeia apresentou hoje um Pacto Ecológico para conduzir a Europa à neutralidade carbónica em 2050, com pelo menos 50% de redução de emissões de gases com efeito de estufa em 2030, e apresenta em março próximo uma proposta para uma legislação climática europeia, conforme o anúncio da presidente do executivo, Ursula von der Leyen.

Ouvido pela Lusa, João Branco, um dos responsáveis da associação, frisou que a Comissão Europeia reconhece que com as atuais políticas a redução de gases com efeito de estufa apenas chegará a 60% em 2050, mas elogiou as propostas da Comissão na regulação do uso da terra e das florestas, um tema que tem sido o “parente pobre” das políticas de combate às alterações climáticas.

Se por um lado é bom o foco na “indústria limpa” e na economia circular, "a Europa foi pouco ambiciosa na estratégia dos plásticos. Continua a haver proteção à indústria do plástico na Europa. São precisas medidas drásticas e isso não está a ser feito”, disse João Branco.

O responsável considerou também positivas medidas e propostas relacionadas com o lixo, com os ecossistemas, com a construção ou com a agricultura sustentável, ainda que tema que não haja as alterações necessárias na área da biodiversidade.

A Comissão estima que as medidas hoje anunciadas tenham um custo acrescido de 1,5% do PIB da União Europeia mas João Branco diz que esse valor “é muito baixo, insuficiente para a descarbonização das economias”.

E depois, se cada governo tem de contribuir há uma questão da qual os governos não trataram ainda, a da “consciencialização das pessoas”. É que, disse, as pessoas têm que interiorizar o assunto, perceber que não é uma questão que só afeta os ursos polares, mas todas as economias do mundo. “Mas sem sensibilização vai ser um problema”, anteviu.

Também em relação ao Pacto Ecológico, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) elogia a iniciativa e diz que é “uma necessária e urgente” mudança de orientação da Comissão.

Mas acrescenta que apesar de positivo para o clima o Pacto “é mau para a biodiversidade”, falhando em assumir o verdadeiro impacto da intensificação da agricultura e pescas ou a falta de gestão das áreas protegidas.

“É de lamentar que não tenha sido assumida a perda de biodiversidade e a urgência de uma estratégia específica para recuperar espécies e habitats, travando o forte declínio que se tem verificado na Europa, por exemplo das espécies dependentes dos meios agrícolas ou das espécies marinhas afetadas pela sobrepesca. A recuperação da imensa riqueza natural da Europa não se pode limitar a projetos de florestação ou a propostas vagas de preservação dos recursos marinhos”, disse citado num comunicado da SPEA o diretor executivo, Domingos Leitão.