Este ano, a preocupação com a utilização excessiva do plástico por uma população que não para de crescer é o tema escolhido para sensibilizar os consumidores para a necessidade de uma nova atitude em defesa do ambiente.
Pede-se para reduzirem a utilização de plástico, tentarem reutilizar sempre que possível os vários utensílios deste material e, quando já não têm uso, para o colocarem no local adequado, ou seja, no ecoponto amarelo, para que seja reciclado.
O Dia Mundial do Ambiente, criado pelas Nações Unidas em 1974, assinala-se na terça-feira, com o tema "Sem contaminação por plástico", uma semana depois de a Comissão Europeia divulgar a sua estratégia para reduzir a poluição do mar.
Entre as medidas propostas está a proibição do uso de plástico em produtos como cotonetes, talheres, palhinhas e paus de balões, que representam 70% dos resíduos marítimos na União Europeia.
Os Estados-membros terão ainda que recolher 90% das garrafas de bebidas de plástico descartáveis até 2025, por exemplo, através de regimes de restituição de depósitos, como taras recuperáveis.
Em Portugal, o Governo escolheu a gestão do uso da água, a eficiência da utilização de materiais na construção de casas e a redução do consumo de plástico como temas principais da semana do ambiente, a decorrer até sexta-feira, com o ministro do Ambiente a marcar presença em eventos a cada dia, pelo país.
Aproveitando a chamada de atenção do Ministério do Ambiente, numa iniciativa hoje em Évora, sobre a economia circular na construção, a associação Quercus salienta que este setor é responsável por produzir cerca de 50% de todos os resíduos, grande parte depositados em vazadouros, recuperações paisagísticas ou aterros "sem qualquer valorização ou reciclagem".
"Se dividirmos os materiais utilizados num edifício em fatias, 50% são materiais virgens que derivam do petróleo e cuja reciclabilidade é dificultada pela difícil triagem e das condições em obra", apontam os ambientalistas.
O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, avançou que as medidas para reduzir a utilização de plástico nas embalagens podem incluir incentivos fiscais ou taxas, visando mudar comportamentos, sinalética para lojas com boas práticas ou partilha de utensílios entre cafés.
Entre as iniciativas do Governo para marcar o Dia Mundial do Ambiente está a apresentação do Relatório Estado do Ambiente (REA), que reúne informação acerca das várias áreas do ambiente, dos resíduos, à água, ar, ruído ou conservação da natureza.
Em Torres Vedras, haverá uma festa infantil, com o tema de mobilidade suave em destaque. Esta cidade tem um sistema de partilha de bicicletas.
Na Arrábida, em Setúbal, será inaugurada uma exposição na área da conservação da natureza, sobre roazes sadinos, espécie de golfinhos que Portugal deve proteger.
O ministro também estará em Lisboa, onde, no final do dia, inaugura o centro de educação ambiental da Águas de Portugal com o tema "Água a 360º", em Lisboa, onde serão referidas as linhas fortes da campanha para a poupança deste recurso, a avançar "tão depressa quanto possível".
Um exemplo de iniciativa mais local é a "Recycling Party", uma festa organizada pela European Recycling Platform (ERP) Portugal e Novo Verde, em parceria com Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE) e a Sailors for the Sea, que vai juntar duas mil crianças dos concelhos de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra, visando a sensibilização para a adoção de boas práticas ambientais.
Na Madeira, por exemplo, foram definidas 24 horas de atividades para marcar o dia, com apoios nomeadamente da Câmara Municipal do Funchal e da Universidade da Madeira, a que se associou a associação ambientalista Zero, a incentivar a região a seguir o roteiro zero carbono, para conseguir a neutralidade carbónica, em 2050, no âmbito do "Fórum de ALERTA GEO para as Alterações Climáticas", centrado no papel do turismo e a procurar soluções para uma sociedade mais sustentável.
Uma outra iniciativa na Madeira, lançada pela Secretaria Regional de Ambiente e Recursos Naturais, com o The Climate Project, organização fundada por Al Gore, e permite a estreia na região do mais recente filme do ex-vice-Presidente dos Estados Unidos 'Uma Sequela Inconveniente – Verdade ao Poder', com a participação de alunos do ensino secundário.
A nível internacional, a organização de defesa do ambiente WWF, aponta que os cidadãos estão "encurralados numa armadilha de plástico, já que os microplásticos contaminam os oceanos desde os locais mais profundos até ao organismo" do ser humano.
Dados divulgados pela ONU dizem que, a cada a ano, chegam aos oceanos oito milhões de toneladas de plásticos, o que ameaça a vida marinha e humana, além de destruir os ecossistemas.
A Ocean Cleanup Foundation alertou que a zona de acumulação de resíduos a flutuar no Pacífico, chamada de 'ilha de plástico' contém cerca de 1,8 mil milhões de bocados de plástico e, no Ártico, segundo a Greenpeace, o degelo liberta cerca de 800 biliões de microplásticos, por ano.
Estes pedaços de plástico de muito pequenas dimensões resultam da decomposição deste material presente em produtos tão diversos como sacos, exfoliantes, pastas de dentes, detergentes ou cotonetes.
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