A promessa da líder deste movimento foi feita numa conferência de imprensa em Berlim, na qual Wagenknecht falou de “grandes planos” para o “Aufstehen”, como reporta o The Guardian.

Fundado em setembro de 2018 com o objetivo de mobilizar uma esquerda alemã fragmentada e de recuperar eleitores que mudaram o seu apoio para o Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita), o movimento diz-se agora inspirado pelas ações dos coletes amarelos.

Segundo escreve o diário britânico, a Wagenknecht terá dito que as ações em França a levaram a “acreditar que é possível efetuar mudanças sem ser um partido político”, isto apesar da economista de 49 anos ser deputada pelo partido de esquerda Die Linke desde 2009.

Apesar de não se rever na violência dos protestos dos coletes amarelos - que tiveram o seu apogeu a 1 de dezembro em Paris -, Wagenknecht diz compreender o seu uso, dizendo ser necessário “reconhecê-lo como uma expressão clara de raiva contida. Não surge do nada”.

A líder do “Aufstehen” adiantou ainda que considera “completamente errado” reduzir o movimento dos coletes amarelos aos confrontos, pois mesmo havendo “aqueles que estão preparados para a violência entre os protestantes, o movimento é muito mais abrangente do que isso”, sendo que “quando as pessoas vão para as ruas protestar - especialmente aquelas que não tiveram uma voz política durante muitos anos e que a descobrem ao protestar - então pode haver mudança política”.

Tendo como inspirações explícitas o partido França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, e o Momentum, organização montada para dar apoio a Jeremy Corbyn e ao partido Trabalhista inglês, o “Aufstehen”  já conta 170 mil membros, entre os quais se encontram cientistas políticos, historiadores e atores do país.

A posição do movimento, segundo a sua líder, é de obter o apoio de eleitores comuns de todo o espetro político e de unificar os partidos de esquerda alemães. “Não pretendemos competir com estes partidos”, defendeu Wagenknecht, dizendo desejar criar “um movimento que contribua para juntar estes partidos de esquerda e instigar uma renovação social”.

De destacar que, segundo as sondagens mais recentes, tanto Die Linke (9%) como os sociais democratas do SPD (15%) têm perdido influência, particularmente os segundos, que se arriscam a serem ultrapassados pela AfD (14%). No espetro à esquerda na Alemanha, apenas apenas Os Verdes se destacam pela positiva, afirmando-se como o segundo partido mais popular (19%) apenas atrás da CDU/CSU de Angela Merkel (30%). Nas legislativas de 2017, os partidos de esquerda garantiram menos de 40% dos votos, com muitos dos seus eleitores a optarem pelo voto na AfD, que se tornou na principal força da oposição no Bundestag.

No entanto, apesar do otimismo, nem tudo parece ser fácil no percurso do “Aufstehen”, com as mais veementes críticas a surgirem de vozes do próprio Die Link, que acusam Wagenknecht de arriscar destruir o partido e criar as bases para criar a sua própria força política, algo que a líder nega. Para além disso, a própria admite que as tradições de protesto francesas não são iguais às do seu país e que será muito mais difícil mobilizar os alemães para as ruas.

A fricção entre Wagenknecht e o Die Linke não é nova, já que a economista tem vindo a afirmar-se como uma das figuras mais incómodas no interior da sua família política. Além das suas posições contra as políticas da União Europeia (UE) e as fortes críticas à NATO, a líder política tem destoado do seu partido no que toca à imigração, opondo-se à iniciativa de “fronteiras abertas” defendida pela chanceler Angela Merkel e pugnando por uma limitação da entrada do número de migrantes.

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