“Os docentes e os investigadores foram as classes mais penalizadas ao longo da última década, com perdas nos salários reais avaliadas entre os 15 e os 20%. Ora tendo em conta os valores atuais da taxa de inflação, se nada for feito, antecipa-se mais um rombo nos salários”, alertou André Carmo, da Universidade Évora, e membro da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), durante uma conferência de imprensa em que voltaram a chamar a atenção para a precariedade laboral.
A Fenprof defende uma “atualização salarial em linha com a inflação para evitar mais uma degradação do poder de compra dos salários” dos professores e investigadores das Instituições de Ensino Superior (IES).
O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, defendeu que este ano deveria haver “uma atualização na ordem dos 10%”, tendo em conta que 2009 foi “o último ano em que houve uma atualização, não muito grande” e, desde então, professores e docentes tiveram as carreiras congeladas e sofreram “cortes salariais”.
Resultado: “A quebra do poder de compra tem sido tremenda”, alertou Mário Nogueira, acrescentando que muitos dos trabalhadores têm uma relação laboral precária com as IES, não estando ainda integrados na carreira, o que significa que o salário não sofre atualizações.
Entre os investigadores, quase 75% têm um vínculo precário, acrescentou André Carmo, baseando-se em dados de 2021 da Direção-Geral Estatísticas da Educação e Ciência, que excluíram bolseiros e contratados pelas Instituições Privadas Sem Fins Lucrativos.
“Têm salários baixíssimos e vivem com muitas dificuldades, que agora se agravam ainda mais com a inflação”, alertou, apelando à presença de docentes e investigadores na próxima quarta-feira, dia 22, em frente ao Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), onde esperam ser recebidos pela ministra Elvira Fortunato.
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