A comissão permanente – núcleo duro da direção – reúne-se de manhã, a comissão política às 16:00 e o Conselho Nacional, órgão máximo entre Congressos, pelas 21:00, num hotel em Lisboa.

Passos Coelho reiterou no domingo que não se iria demitir na sequência de resultados de eleições locais, mas prometeu uma “reflexão ponderada” sobre se irá ou não recandidatar-se ao cargo nas diretas previstas para o início do próximo ano.

No final de uma reunião com o Presidente da República, hoje à tarde (na qual disse que o tema das autárquicas não foi abordado), Passos foi questionado sobre as conclusões dessa reflexão, mas considerou a questão "prematura em termos de resposta”, apontando que na terça-feira será feita "uma avaliação com mais detalhe dos resultados das eleições autárquicas", nos órgãos de direção política do PSD e em Conselho Nacional.

"Só depois disso é que poderemos dizer alguma coisa do ponto de vista de uma mensagem nacional que possa ter relevância. E eu não vou, até lá, fazer especulação sobre qual vai ser a avaliação que faremos nos órgãos próprios", declarou.

De acordo com os resultados finais divulgados pela secretaria-geral do Ministério da Administração Interna, o PSD vai liderar 98 câmaras (79 conquistadas sozinho, 19 em coligação), uma perda de oito autarquias em relação a 2013, que já tinha sido o pior resultado de sempre do partido em autárquicas. Há quatro anos, o PSD tinha conseguido a presidência de 86 câmaras sozinho e mais 20 em coligação, num total de 106.

Em número de votos, o PSD sozinho conseguiu cerca de 831 mil votos, menos três mil do que há quatro anos, apesar de ter havido menos abstenção. Somando as coligações lideradas pelos sociais-democratas, o PSD conquistou cerca de 737 mil votos, número da mesma ordem dos de 2013.

Entre os dirigentes e os notáveis do partido o silêncio foi hoje a regra, com a maioria dos sociais-democratas contactados pela Lusa a remeterem qualquer declaração para depois das reuniões de terça-feira.

Em declarações à Renascença, o líder parlamentar Hugo Soares considerou hoje de manhã que os resultados nas eleições autárquicas “não honram o partido” e deve ser feita "uma reflexão", mas defendeu que Pedro Passos Coelho deve manter-se na liderança.

À mesma rádio, o deputado social-democrata e dirigente José Matos Correia defendeu, na madrugada de hoje, que "é evidente que o doutor Pedro Passos Coelho tem todas as condições para permanecer na liderança do PSD" e rejeitou a ideia de que haja “uma estratégia política global errada" por parte do partido.

Pelo contrário, em declarações à Antena Um, o antigo dirigente do PSD Ângelo Correia defendeu que o partido precisa de "consistência ideológica" e considerou que Passos Coelho não tem condições para se manter na liderança: "Já passou o seu tempo".

A Lusa contactou as distritais do PSD e, entre as que aceitaram comentar a reflexão iniciada pelo líder do partido, a mais contundente foi a de Vila Real, que defendeu que os resultados eleitorais exigem sempre avaliação e o partido não pode “continuar um caminho de insucesso”.

Já a distrital da Guarda disse respeitar a decisão “prudente” e “sensata” de Passos Coelho, posição semelhante à de Coimbra, que considerou que o líder do PSD revelou “grande dignidade”, mas com o seu presidente, Maurício Marques, a admitir que foi “uma derrota demasiado pesada para que não se reflita sobre a estratégia do partido”.

Também o PSD de Castelo Branco disse respeitar a reflexão de Pedro Passos Coelho, com o presidente da estrutura, Manuel Frexes, a defender que deve ser o líder do PSD a decidir “o que acha melhor para ele e para o partido”, remetendo mais análise para a reunião do Conselho Nacional de terça-feira.

Na rede social Facebook, alguns dos críticos já se pronunciaram: o conselheiro nacional e líder interino da concelhia de Lisboa Rodrigo Gonçalves salientou que o PSD “teve a maior derrota da sua história”, sendo necessário “que se retirem as devidas consequências”.

“O eleitorado deu um cartão vermelho à linha política e estratégica de Pedro Passos Coelho”, acrescentou Rodrigo Gonçalves à Lusa, e confirmou que irá ao Conselho Nacional.

Também no Facebook, Pedro Rodrigues, que lidera o movimento “Portugal não pode esperar”, considerou que os resultados do partido são “verdadeiramente aterradores” e obrigarão a uma “refundação do partido”.

Ainda na noite eleitoral de domingo, a antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite defendeu que Passos Coelho não tem condições para continuar à frente do PSD, enquanto outro antigo líder social-democrata, Marques Mendes, considerou que se se mantiver em funções a vida do líder social-democrata “vai ser um inferno”.