“O Chega concorrerá a cerca de 220 municípios em todo o país, o que é histórico para um partido com a duração e a estrutura que o Chega tem”, anunciou André Ventura, no Palácio da Justiça, em Lisboa, onde hoje foram entregues as listas do partido às autarquias da capital.

Acompanhado pelo cabeça de lista do partido à Câmara Municipal de Lisboa, Nuno Graciano, e de cerca de três dezenas de apoiantes, Ventura disse também que o Chega concorrerá a “todas as freguesias do concelho de Lisboa”.

Questionado sobre acordos pós-eleitorais, o líder e deputado único vincou que o partido vai sozinho a votos no país todo “para ver qual é o impacto real que o Chega tem” e porque não quer colocar-se “debaixo de nenhum outro partido”.

“Sim, estaremos disponíveis para coligações quando isso for para afastar o PS do poder, não, não estaremos disponíveis para vender o nosso ADN e a nossa identidade, por isso é que vamos sozinhos ao país todo”, apontou.

Ventura disse ainda que "o Chega tem o objetivo de ser a terceira força política nacional" e ficar à frente "quer do BE quer da CDU em número de votos" a nível nacional.

De acordo com o líder, se o partido conseguir este resultado “pode alavancar a direita em Portugal”, mas apenas se os outros partidos “fizerem o seu trabalho e cumprirem o seu papel”.

Questionado sobre que trabalho tem a direita em Portugal a fazer, Ventura foi perentório: “É o trabalho que o PSD não tem feito, honestamente”.

Depois de ter sido ouvido em Belém pelo Presidente da República, que realizou uma ronda pelos partidos antes das eleições autárquicas, Ventura anunciou a sua vontade de criar uma plataforma de convergência à direita, contactando os líderes do PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal.

Questionado sobre este convite, um dia depois, Rui Rio disse não ter recebido qualquer carta e recusou-se a fazer qualquer “comentário público” sobre este partido e o seu líder.

“As pessoas às vezes dizem que sou um bocado obcecado com o PSD: eu não sou obcecado com o PSD, a verdade é que só vai haver um governo de direita se os dois partidos fizerem o seu papel, o PSD e o Chega”, insistiu.

Se assim for, continuou, será possível “começar a mudar o panorama político em Portugal como em 2001 se conseguiu mudar quando António Guterres era primeiro-ministro e teve uma derrota tremenda nas eleições autárquicas”.

“O que eu gostava era que 2021 fosse a repetição de 2001: em que o PS teve uma derrota tremenda nas principais cidades, com o esforço da direita, que na altura era o PSD e o CDS, hoje essa direita é o PSD e o Chega”.

O deputado único do Chega voltou a dizer que tenciona requerer a suspensão do mandato durante a campanha eleitoral para andar "na caravana" com os candidatos pelo país, algo que não foi possível quando se apresentou às eleições presidenciais de 26 de janeiro deste ano.