"O comité ministerial especializado, formado pelos Ministérios da Cultura, do Interior e das Comunicações, decidiu suspender as transmissões e congelar todas as atividades do canal de satélite Al Jazeera e o seu escritório na Palestina", indicou a agência oficial Wafa.

"A decisão também inclui a suspensão temporária do trabalho de todos os jornalistas, funcionários, equipas e canais afiliados até que a situação legal seja regularizada, devido às violações das leis e regulamentos vigentes na Palestina por parte da Al Jazeera", detalhou o relatório.

"Esta decisão responde à insistência da Al Jazeera em transmitir conteúdos e reportagens caracterizados pela desinformação, incitação, sedição e interferência nos assuntos internos palestinianos", acrescentou.

Um funcionário da Al Jazeera, contactado pela AFP, confirmou que o escritório da emissora em Ramallah recebeu uma ordem de suspensão nesta quarta-feira.

As tensões entre a emissora e o movimento Fatah, do presidente palestino Mahmoud Abbas, aumentaram nas últimas semanas devido à cobertura dos confrontos entre as forças de segurança palestinianas e combatentes de grupos armados como Hamas e Jihad Islâmica.

Na semana passada, a Al Jazeera denunciou uma "campanha" do Fatah contra a emissora pela "cobertura realizada" desses confrontos que deixaram dezenas de mortos.

O Hamas, principal rival do Fatah, declarou que a suspensão da emissora era uma "violação flagrante da liberdade de imprensa" e um "ato repressivo destinado a silenciar vozes dissidentes".

A Jihad Islâmica também condenou a medida, argumentando que o povo palestiniano "tem uma necessidade urgente de mostrar ao mundo o seu sofrimento".

A decisão da Autoridade Palestina, com sede em Ramallah, ocorre mais de três meses após as forças israelitas terem invadido o escritório da emissora nessa mesma cidade.

A Al Jazeera já está proibida de transmitir a partir de Israel devido a uma longa disputa com o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, disputa esta que se agravou ainda mais durante a atual guerra em Gaza.

O que se passa?

A emissora catari Al Jazeera denunciou, nesta quinta-feira, uma decisão da Autoridade Palestina de suspender suas transmissões nos territórios que administra parcialmente, acusando-a de tentar "ocultar a realidade" na Cisjordânia ocupada.

A Autoridade Palestina acusou na quarta-feira a Al Jazeera de divulgar conteúdos que incentivam a "desinformação" e a "sedição", segundo indicaram os meios de comunicação oficiais.

A agência de notícias oficial Wafa afirmou que a decisão de suspender as transmissões também implica "a suspensão temporária do trabalho de todos os jornalistas, funcionários, equipes e canais afiliados" até que a Al Jazeera "regularize sua situação legal".

Um funcionário da emissora catari contatado pela AFP confirmou que o escritório do canal em Ramallah recebeu uma ordem de suspensão na quarta-feira.

"Essa decisão reflete a insistência da Al Jazeera em divulgar conteúdos e reportagens caracterizadas pela desinformação, incitação, sedição e interferência nos assuntos internos palestinos", destacou a agência Wafa.

A emissora catari condenou a decisão em um comunicado no qual afirmou que esta "se alinha com as práticas da ocupação israelita" contra a imprensa.

O canal acusou a Autoridade Palestina, liderada por Mahmud Abbas, de "tentar dissuadir a Al Jazeera de cobrir a escalada de eventos nos Territórios Palestinianos ocupados", incluindo em Jenin e no campo de refugiados próximo.

Também destacou que a decisão foi tomada após "uma campanha de intimidação" contra os seus jornalistas e representa "uma tentativa de ocultar a realidade no terreno nos territórios ocupados".

A Autoridade Palestina, presidida por Mahmud Abbas, administra parcialmente a Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967.

As tensões entre a emissora e o movimento Fatah aumentaram nas últimas semanas devido à cobertura dos confrontos mortais em Jenin entre forças de segurança palestinas e combatentes de grupos armados como Hamas e Jihad Islâmica.

Esses grupos se consideram mais eficazes na luta contra Israel do que a Autoridade Palestina.

 "Ações arbitrárias"

O grupo islamista palestino Hamas, grande rival do Fatah de Abbas e que governa a Faixa de Gaza, condenou a decisão de suspender a emissora.

"Essa decisão está alinhada com uma série de ações arbitrárias recentes da Autoridade para limitar os direitos e liberdades públicas e reforçar seu controle sobre o povo palestino", declarou o Hamas em um comunicado.

"Conclamamos a Autoridade Palestina a reverter imediatamente esta decisão (...) É crucial garantir a continuidade da cobertura mediática que expõe a ocupação e apoia a resistência do nosso povo", acrescentou.

A Jihad Islâmica, aliada do Hamas na Faixa de Gaza, também condenou a decisão "num momento em que o nosso povo e a nossa causa precisam desesperadamente transmitir ao mundo seu sofrimento".

"Presença de todas as vozes"

Na semana passada, a Al Jazeera já havia denunciado ser alvo de uma "campanha" do Fatah por conta da "cobertura dos confrontos entre as forças de segurança palestinas e os combatentes da resistência em Jenin", os quais resultaram em dezenas de mortos.

"A Al Jazeera garantiu a presença de todas as vozes, incluindo as dos combatentes da resistência e do porta-voz das forças de segurança palestinas", declarou o canal.

Amar Dweik, membro da Comissão Palestina Independente de Direitos Humanos, considerou que a decisão envia "uma mensagem negativa à opinião pública e aos jornalistas sobre a liberdade de imprensa".

A associação de imprensa estrangeira em Jerusalém expressou sua "grave preocupação" com a medida, que, na sua opinião, "levanta sérias dúvidas sobre a liberdade de imprensa e os valores democráticos na região".

A decisão da Autoridade Palestina, com sede em Ramallah, ocorre mais de três meses após forças israelitas terem invadido o escritório da emissora na mesma cidade.

A Al Jazeera já está proibida de operar em Israel devido a uma longa disputa com o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e os desentendimentos agravaram-se durante a atual guerra em Gaza.